Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

terça-feira, 13 de novembro de 2012

400 Anos do Anúncio do Evangelho




400 Anos do Anúncio do Evangelho.

Frei Raimundo Edson Nogueira de Lima
Caríssimos Co-Frades, Paz e Bem! As comemorações referentes aos 400 anos  da cidade de são Luis- Ma se aproximam, este momento marco na história do estado e especificamente da cidade e, portanto, dos Ludovicenses, será celebrado solenemente  pelas autoridades civis, militares, políticas , religiosas; e a prefeitura em parceria com o Estado promoverá eventos que farão memória da chegada dos primeiros estrangeiros (os Franceses) nestas terras. Contudo, é necessário não esquecermos de que diretamente somos protagonistas da construção histórica da cidade de são Luis do Maranhão, esta longa e aventureira viagem tem inicio dia 19 de março de 1612, como narra em sua obra: “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas” , de Frei d’Abbeville, Capuchinho Francês que veio ao Maranhão com a expedição de Daniel de La Touche com intuito de construir a tão sonhada França equacional e é claro especialmente evangelizar os povos indígenas, fazer com que estes homens e mulheres conhecessem o verdadeiro  Deus , e ao conhecerem  recebessem o santo Batismo para se tornarem filhos da santa Mãe Igreja .
A Missão é francesa, d’abbeville demorou  no Brasil apenas quatro meses, mas, foi tempo suficiente para concatenar um material de extrema riqueza, que é para nossos dias , sobretudo para nós Frades Menores Capuchinhos  uma obra importantíssima que contribuiu e continuará contribuindo significativamente para o conhecimento histórico da chegada, lutas, desafios, vitórias, conquistas, dificuldades etc. Que  estes primeiros co-irmãos encontraram em  território Maranhense.
            A Resposta de Frei Jerônimo ( Ministro geral da Ordem), a Frei Leonardo Ministro Provincial, após o pedido feito pela Rainha Maria , para que fossem enviados frades juntamente com a expedição ao Maranhão   é positiva , o Geral confirma  a presença de quatro padres Capuchinhos . A carta continha transcritas  as seguintes palavras do sucessor de são Francisco:
Ao reverendo padre provincial dos frades Capuchinhos na Província de Paris.
Reverendo padre. Quanto à missão para a nova França escrevi outra, que, vai com
esta, e que também será lida por vossa paternidade. Esta eu a escrevo no intuito de emprestar a vossa  paternidade todaa minha autoridade. Poderá, portanto, V.P. enviar à Nova França os irmãos que julgar conveniente, tendo autonomia não só na escolha e na decisão do número, mas ainda na nomeação de um superior, e em tudo mais que diga respeito à missão. É o que posso fazer e o que me cabe. Praza a Deus ajudá-lo sempre.
(Roma cinco de julho de 1611- De vossa Reverenda paternidade , muito afeiçoado no Senhor,:Frei Jerônimo. Geral.
(d’abbeville, Claude, 1632, p.25)

             Os Capuchinhos frades do povo e sempre disponíveis para atender as necessidades da santa Mãe igreja, não mediam esforços e empenhos para anunciarem o santo evangelho. Prova disso é a resposta de  Frei  Jerônimo de Castelferreti, que lança sem medo em terras desconhecidas as sementes férteis do Reino de Deus, que serão levadas pelos irmãos menores.A partir desta data nasce  a primeira missão capuchinha fora da Europa: “ De qualquer forma , a missão mesmo interrompida (posteriormente), reveste-se de grande importância histórica, porque representa uma primeira tentativa missionária dos capuchinhos fora da Europa e dirigida pela primeira vez à evangelização de povos pagãos”. (Criscuolo, Vincenzo, 2007, p. 646).
             Os primeiros Frades menores capuchinhos enviados para o Maranhão ( é importante lembrarmos que já havia uma colônia Francesa aqui), porém não haviam religiosos, portanto os irmãos capuchinhos são os primeiros representantes da Igreja Romana  a tocarem em solo maranhense,  estes co- frades são os seguintes: venerável Ivo  d’Evreux, o padre Arsênio de Paris, o Padre Ambrósio de Amiens e Frei Claude D’abbeville, todos pertencentes a Província de paris (França), as palavras dirigidas pelos superiores aos missionários foram as seguintes: “Aprove ao Espírito Santo, tão ardorosamente invocado, e a nós , eleger-vos para a pregação do evangelho”. Palavras dos apóstolos para aqueles que como os primeiros discípulos se lançam confiantes na missão.Com os joelhos no chão , os missionários recebem a santa benção do Ministro Provincial, no dia de Santo Agostinho (28 de agosto).
             “O objetivo missionário conjugava-se obviamente com um projeto político” (Criscuolo, Vicenzo , 2007,p.645), porém havia o peculiar desejo ardente de anunciarem o evangelho e observarem com fidelidade as palavras de Jesus: “ Assim como o pai me enviou, eu também enviou vocês.” ( jo20,21), portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do pai, e do filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar  tudo o que ordenei a vocês. “Eis que estarei com vocês todos os dias  até o fim do mundo”. É interessante ressaltar que o empenho, a doação, não provinha somente dos frades, mais também dos leigos, que se empenhavam  incansavelmente para que a palavra do Senhor fosse anunciada e o cristianismo fosse  implantado nestas novas terras , ou seja, o laicato católico era atuante e lançavam-se na missão.
             É importante esclarecer  que os nomes dos Missionários citados  anteriormente , são os dos que participaram da primeira expedição de 1612, isto porque, em 1614, partiram  para o maranhão outros doze capuchinhos , ou segundo algumas fontes , dezoito irmãos com o superior que chamava-se Frei Arcângelo de Pembroke.
             Quarta –feira 11 de julho , segundo as crônicas de Frei d’abbevile, são vistas as montanhas dos canibais, principio da terra do Brasil: Citarei trechos que elucidam a emoção sentida por estes homens:
“(...) sabe-se Deus com que alegria, com que satisfação e contentamento víamos as terras tão desejadas e que, para encontrar , havia quase cinco meses, partimos de frança e vagamos pelo Mar (...)” p.49
“O lugar é muito belo, maravilhosamente agradável, com excelentes frutos para comer e grande quantidade de caça (...).”p. 49.
(Trechos do livro:  “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas”,1632).

             Dia 25 de Julho, quarta-feira:
“(...)As primeiras areias brancas” p.50
“Finalmente favorecendo Deus nossos Desejos e intenções , alcançamos sem maiores danos o porto situado numa pequena ilha a entrada da grande enseada do  Maranhão, a qual dista da ilha doze léguas.” p.50
(Trechos do livro:  “História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e Terras Circunvizinhas”,1632).
                 Por  terem chegado dia 26, data em que a santa mãe Igreja celebra memória de santa Ana mãe da santíssima Virgem Maria  na ilha pequena , denominaram a mesma de Ilha de Sant’ana , segundo d’anbbeville foi o conde Francisco de  Rassilly quem chamou a ilha assim.
             Dia  06 de Agosto de 1612 (Festa da Transfiguração do Senhor) os frades e os demais navegantes aportaram no Maranhão, a missão como já citamos anteriormente era a de evangelizar os índios tupinambás, que adoravam o deus pagão Tupã. A primeira missa Foi celebrada 06 dias depois da chegada  no Maranhão  , exatamente dia 12 de Agosto de 1612. Dia da Santa mãe clara, todos estavam muito emocionados , não continham a alegria pelo êxito da viagem , aliás, estavam com os pés em um solo por eles tão desejado, segundo d’abbeville:
 No domingo seguinte , dia 12 de Agosto , cada um de nós celebrou o santíssimo sacrifício da missa. E isso com tal alegria que me parece mais fácil dar a imaginar que descrever; limito-me  apenas a dizer que nesse dia , em que a igreja romana ( e particularmente nossa ordem) celebre a festa da bem-aventurada santa Clara, fosse, pela primeira vez  no lugar, oferecido o santo sacrifício com que iluminou esse Novo Mundo, pela nova luz desse verdadeiro sol divino, nosso salvador , Jesus Cristo;pois nesse mesmo dia, outrora, iluminou o mundo pela nova luz do nome , da vida e dos milagres da gloriosa Santa.  (1932, p.57)
              Maranhão, terra consagrada a nossa Senhor Jesus Cristo por intermédio de nossos frades menores Capuchinhos, filhos de São Francisco. Foram  nossos irmãos que implantaram nestas terras o evangelho e fincaram neste solo pela primeira vez o Crucifixo, símbolo do Cristianismo, que revela aos homens  a vitória da vida sobre a morte, portanto, somos gratos a estes consagrados, e nestes dias de comemorações ,seria no mínimo injusto não recordá-los senão em grandes eventos pelo menos em nossas orações ; nosso sentimento deve ser de gratidão pela coragem, determinação, doação, aliás ,deixaram  o conforto Europeu  para se lançaram  na missão em terras por eles até então desconhecidas, podemos chamá-los sem medo de errar de verdadeiros “heróis”. Finalizo esta reflexão com as palavras de Frei d’abbeville:
                Chantada a cruz nessa terra abençoada, logo começou, com grande satisfação de todos, a frutificar com a palmeira e a derramar suas admiráveis virtudes sobre  essas pobres criaturas, mostrando que Deus tinha entre elas almas predestinadas a seu culto e sobre as quais devia cair  utilmente o seu precioso sangue.  Pois após elas próprias resolveram a erguer a cruz de Nosso Senhor Jesus cristo, novas forças e coragem receberam que as levaram a desejar com maior zelo e fervor o cristianismo. ( d’abbeville, Claude, 1632, p.74)

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