Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

Igreja Católica - Histórico



A Igreja Católica

A Igreja Católica, chamada também de Igreja Católica Romana e Igreja Católica Apostólica Romana, é uma Igreja cristã com aproximadamente dois mil anos, colocada sob a autoridade suprema do Papa, Bispo de Roma e sucessor do apóstolo Pedro. Seu objectivo é a conversão ao ensinamento e à pessoa de Jesus Cristo em vista do Reino de Deus. Para este fim, ela administra os sacramentos e prega o Evangelho de Jesus Cristo. Segundo o Catecismo [atribuído à] São Pio X, a doutrina católica "é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos mostrar o caminho da salvação" e da vida eterna. "As partes principais e mais necessárias da Doutrina [...] são quatro: o Credo, o Pai-Nosso, os Mandamentos e os Sacramentos".
 A Igreja Católica acredita que todas as coisas que ela acredita foram sendo gradualmente reveladas por Deus através dos tempos (nomeadamente ao longo do Antigo Testamento), atingindo a sua plenitude e perfeição em Jesus Cristo (que anunciou definitivamente o Evangelho à humanidade), que é considerado pelos católicos e cristãos como o Filho de Deus, o Messias e o Salvador do mundo e da humanidade.

Eclesiologia
A Igreja Católica define-se pelas palavras do Credo Niceno-Constantinopolitano, como:
· «una» porque nela subsiste a única instituição verdadeiramente fundada e encabeçada por Cristo para reunir o povo de Deus, porque ela tem como alma o Espírito Santo, que une todos os fiéis na comunhão em Cristo e porque ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.
· «santa» por causa da sua ligação única com Deus, o seu Autor, porque "o Espírito Santo vivificou-a com a caridade" e porque ela é a "Esposa de Cristo"; também porque ela, através dos sacramentos, tem por objectivo santificar, purificar e transformar os fiéis, reunindo-os todos para o seu caminho de santificação, cujo objectivo final é a salvação, que consiste na vida eterna, na realização final do Reino de Deus e na obtenção da santidade.
· «católica» porque a Igreja é universal e está espalhada por toda a Terra; é portadora da integralidade e totalidade do depósito da fé; "leva e administra a plenitude dos meios" necessários para a salvação" (incluindo os sete sacramentos), dados por Jesus à sua Igreja; "é enviada em missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles pertençam"; e nela está presente Cristo.
· «apostólica» porque ela é fundamentada na doutrina dos Apóstolos cuja missão recebeu sem ruptura. Segundo a Doutrina Católica, todos os Bispos da Igreja são sucessores dos Apóstolos e o Papa, Chefe da Igreja, é o sucessor de São Pedro ("Príncipe dos Apóstolos"), que é a pedra na qual Cristo edificou a sua Igreja.
Além disso, a Igreja, de entre os seus inúmeros nomes, também é conhecida por:
· "Corpo de Cristo" porque os católicos acreditam que a Igreja não é apenas uma simples instituição, mas um corpo místico constituído por Jesus, que é a Cabeça, e pelos fiéis, que são membros deste corpo único, inquebrável e divino. Este nome é assente também na fé de que os fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo no sacramento da Eucaristia.
· "Esposa de Cristo" porque o próprio Cristo "Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19) que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de Deus".
"Templo do Espírito Santo" porque o Espírito Santo reside na Igreja, no Corpo Místico de Cristo, e estabelece entre os fiéis e Jesus Cristo uma comunhão íntima, tornando-os unidos num só Corpo. Para além disso, Ele guia, toma conta e "edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas".
Jesus, a Salvação e o Reino de Deus  Jesus Cristo é a figura central do Cristianismo, porque, por vontade de Deus Pai, ele encarnou-se (veio à Terra) para anunciar a salvação à humanidade inteira, "ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4)"; e para "anunciar as boas novas do Reino de Deus". Santo Atanásio, um famoso Padre e Doutor da Igreja, afirmou que Jesus, "o Filho de Deus, Se fez homem, para nos fazer Deus", ou seja, para nos tornarmos santos como Deus.  O dogma cristológico ensina que Jesus é a encarnação do Verbo divino, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Messias, Salvador e Bom Pastor da Humanidade. Ele é também «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o único e verdadeiro Sumo Sacerdote e Mediador entre os homens e Deus Pai, chegando mesmo a afirmar que "«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6)".
Nas suas muitas pregações, Jesus, ao anunciar o Evangelho, ensinou as bem-aventuranças e insistiu sempre «que o Reino de Deus está próximo» (Mt 10,7). Exortou também que quem quisesse fazer parte desse Reino teria de nascer de novo, de se arrepender dos seus pecados, de se converter e purificar. Jesus ensinava também que o poder, a graça e a misericórdia de Deus era maior que o pecado e todas as forças do mal, insistindo por isso que o arrependimento sincero dos pecados e a fé em Deus podem salvar os homens. Este misterioso Reino, que só se irá realizar-se na sua plenitude no fim do mundo, está já presente na Terra através da Igreja, que é a sua semente. No Reino de Deus, o Mal será inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a viver eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus.
A doutrina católica professa também que a salvação do Homem deve-se, para além da graça divina, ao voluntário Sacrifício e Paixão de Jesus na cruz. Este supremo sacrifício deve-se à vontade e ao infinito amor de Deus, que quis salvar toda a humanidade. Além disso, é também fundamental para a salvação a adesão livre do crente à fé em Jesus Cristo e aos Seus ensinamentos, porque a liberdade humana, como um dom divino, é respeitado por Deus, o nosso Criador.
Esta fé cristã "opera pela caridade" ou amor (Gal 5,6), por isso ela obriga o crente a converter-se e a levar uma vida de santificação. Este modo de viver obriga o católico a participar e receber os sacramentos e a "conhecer e fazer a vontade de Deus". Este último ponto é cumprido através, como por exemplo, da prática dos ensinamentos revelados (que se resumem nos mandamentos de amor ensinados por Jesus), das boas obras e também das regras de vida propostas pela Igreja Católica. Estes mandamentos de amor consistem em amar a Deus acima de todas as coisas (Mt 22,37), amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22,39) e amar uns aos outros como Eu vos amei (Jo 15,10). Estes ensinamentos radicais constituem por isso o resumo de "toda a Lei e os Profetas" do Antigo Testamento (Mt 22,40). No fundo, a vida de santificação proposta pela Igreja tem por finalidade e esperança últimas à salvação e à implementação do Reino de Deus.

Sacramentos
Dentro da fé católica, os sacramentos, que a Igreja acredita serem instituídas por Jesus, são gestos e palavras de Cristo que concedem e comunicam a graça santificadora sobre quem os recebe. Sobre os sacramentos, São Leão Magno diz: "«o que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos»".
Ao celebrá-los, a Igreja Católica alimenta, exprime e fortifica a sua fé, sendo por isso os sacramentos uma parte integrante e inalienável da vida de cada católico e fundamentais para a sua salvação. Isto porque eles conferem ao crente a graça divina, os dons do Espírito Santo, "o perdão dos pecados, [...] a conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja", que o torna capaz "de viver a vida nova de filhos de Deus em Cristo acolhido com a fé". Daí a grande importância dos sacramentos na liturgia católica. Ao todo, a Igreja Católica tem sete sacramentos:
Baptismo é dado às criança e a convertidos adultos que não tenham sido antes baptizados validamente (o baptismo da maior parte das igrejas cristãs é considerado válido pela Igreja Católica, contanto que seja feito pela fórmulta: "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". A rigor, todo cristão pode, nessa fórmula, batizar validamente alguém, nomeadamente em situações urgentes. Entretanto, o baptismo será ilícito, devendo o baptizado ser levado na presença de um sacerdote, para que complete os rituais do sacramento, como a unção com o Crisma e com o óleo dos catecúmenos).
Confissão, Penitência ou Reconciliação envolve a admissão de pecados perante um padre e o recebimento de penitências (tarefas a desempenhar a fim de alcançar a absolvição ou o perdão de Deus).
Eucaristia (Comunhão) é o sacramento mais importante da Igreja porque ela relembra e renova o mistério pascal de Cristo, actualizando e renovando assim a salvação da humanidade. Por isso, recebe também o nome de Santíssimo Sacramento. Este sacramento está associado também à transubstanciação, que é a crença de que, após a consagração, o pão e o vinho oferecidos e consagrados se tornam realmente o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, sob as aparências de pão e vinho.
Na Confirmação ou Crisma, o Espírito Santo, que é recebido no baptismo é "fortalecido e aprofundado" através da imposição de mãos e da unção com santo óleo do Crisma. Na maior parte das igrejas de Rito latino, este sacramento é presidido por um bispo e tem lugar no início da idade adulta (na maioria das vezes, quando se completam 15 anos). Nas Igrejas Católicas Orientais o sacramento do Crisma é geralmente executado por um padre imediatamente depois do baptismo.
Sagrado matrimónio é o sacramento que valida, diante de Deus, a união de um homem e uma mulher, constituindo assim uma família. Segundo a tradição católica, com base no Evangelho de São Marcos, o casamento é indissolúvel. Só é permitido um segundo casamento no caso da morte de um dos cônjuges ou em situações especias de nulidade do casamento.
As Ordens Sagradas recebem-se ao entrar para o clero, através da consagração das mãos com o santo óleo do Crisma e, no envolvem um voto de castidade. O sacramento das Ordens Sagradas é dado em três graus: o do diácono, o de sacerdote e o de bispo.
Extrema unção. Envolve a unção de um doente com um óleo sagrado dos enfermos, abençoado especificamente para esse fim, e o viático para a hora da morte.
Estrutura e Cargos  A Igreja Católica tem uma estrutura altamente hierarquizada, sendo o seu Chefe o Papa. A expressão "Santa Sé" significa o conjunto do Papa e dos dicastérios da Cúria Romana, que o ajudam no governo de toda a Igreja.
 A Igreja tem uma estrutura hierárquica de títulos que são, em ordem descendente:
Papa, que é o Sumo Pontífice e chefe da Igreja Católica, o guardador da integridade e totalidade do depósito da fé, o Vigário de Cristo na Terra, o Bispo de Roma e o possuidor do Pastoreio de todos os cristãos, concedido por Jesus Cristo a São Pedro e, consequentemente, a todos os Papas. Esta autoridade papal (Jurisdição Universal) vem da fé de que ele é o sucessor directo do Apóstolo São Pedro. Na Igreja latina e em algumas das orientais, só o Papa pode designar os membros da Hierarquia da Igreja acima do nível de presbítero. Aos Papas atribui-se infalibilidade, desde o Concílio Vaticano I, em 1870. Por essa prerrogativa, as decisões papais em questões de fé e costumes (moral) são infalíveis. Todos os membros da hierarquia respondem perante o Papa e a sua corte papal, chamada de Cúria Romana.
Cardeais são os conselheiros e os colaboradores mais íntimos do Papa, sendo todos eles bispos (alguns só são titulares). Aliás, o próprio Papa é eleito, de forma vitalícia (a abdicação é rara, porque já não acontecia desde a Idade Média) pelo Colégio dos Cardeais. A cada cardeal é atribuída uma igreja ou capela (e daí a classificação em cardeal-bispo, cardeal-presbítero e cardeal-diácono) em Roma para fazer dele membro do clero da cidade. Muitos dos cardeais servem na Cúria, que assiste o Papa na administração da Igreja. Todos os cardeais que não são residentes em Roma são bispos diocesanos.
Patriarcas são normalmente títulos possuídos por alguns líderes das Igrejas Católicas Orientais sui juris. Estes patriarcas orientais, que ao todo são seis, são eleitos pelos seus respectivos Sínodos e depois reconhecidos pelo Papa. Mas alguns dos grandes prelados da Igreja Latina, como o Patriarca de Lisboa e o Patriarca de Veneza, receberam também o título de Patriarca, apesar de ser apenas honorífico e não lhes conferirem poderes adicionais.
Arcebispos (Metropolita ou Titular) são bispos que, na maioria dos casos, estão à frente das arquidioceses. Se a sua arquidiocese for a sede de uma província eclesiástica, eles normalmente têm também poderes de supervisão e jurisdição limitada sobre as dioceses (chamadas sufragâneas) que fazem parte da respectiva província eclesiástica.
Bispos (Diocesano, Titular e Emérito) são os sucessores directos dos doze Apóstolos. Receberam o todo do sacramento da Ordem, o que lhe confere, na maioria dos casos, jurisdição completa sobre os fiéis da sua diocese.
Presbíteros ou Padres são os colaboradores dos bispos e só têm um nível de jurisdição parcial sobre os fiéis. Alguns deles lideram as paróquias da sua diocese.
Monsenhor é um título honorário para um presbítero, que não dá quaisquer poderes sacramentais adicionais.
Diáconos são os auxiliares dos presbíteros e bispos e possuem o primeiro grau do Sacramento da Ordem. São ordenados não para o sacerdócio, mas para o serviço da caridade, da proclamação da Palavra de Deus e da liturgia. Apesar disso, eles não consagram a hóstia (parte central da Missa) e não administram a Unção dos enfermos e a Reconciliação.
Todos os ministros sagrados supra-mencionados fazem parte do clero. A Igreja acredita que os seus clérigos são "ícones de Cristo", logo todos eles são homens, porque os doze Apóstolos são todos homens e Jesus, na sua forma humana, também é homem. Mas isto não quer dizer que o papel da mulher na Igreja seja menos importante, mas apenas diferente. Os clérigos são importantes porque efectuam exclusivamente determinadas tarefas, como a celebração da Missa e dos sacramentos.
Dentro da Igreja, existem um grupo de leigos ou de clérigos que decidiram tomar uma vida consagrada e normalmente agrupam-se em ordens religiosas, congregações religiosas ou em institutos seculares, existindo porém aqueles que vivem isoladamente ou até junto dos não-consagrados. Estes movimentos apostólicos têm a sua própria hierarquia e títulos específicos.

Culto e prece
Na Igreja Católica, para além do culto de adoração a Deus (latria), existe também o culto de veneração aos Santos (dulia) e à Virgem Maria (hiperdulia). Estes dois cultos, sendo a latria mais importante, são muito diferentes, mas ambos são expressos através da liturgia, que é o culto oficial e público da Igreja, e também através da piedade popular, que é o culto privado dos fiéis.
Dentro da liturgia, destaca-se a Missa (de frequência obrigatória aos Domingos e festas de guarda) e a Liturgia das Horas; enquanto que na piedade popular, destacam-se indubitavelmente as devoções e as orações quotidianas. Apesar de a piedade popular ser de certo modo facultativa, ela é muito importante para o crescimento espiritual dos católicos. As principais devoções católicas são expressas em "fórmulas de orações" a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), à Virgem Maria e aos Santos (novenas, trezena, Santo Rosário...); em "peregrinações aos luga­res sagrados"; na veneração de medalhas, estátuas, relíquias e imagens sagradas e bentas de Cristo, dos Santos e da Virgem Maria; em procissões; e em outros "costumes populares".

Liturgia
O ato de prece mais importante na Igreja Católica é, sem dúvida, a liturgia Eucarística, normalmente chamada de Missa. A liturgia, que é centrada na missa, é a celebração oficial e pública do Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal. Através dela, Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da nossa redenção. Esta presença e actuação de Jesus são assegurados eficazmente pelos sete sacramentos, com particular para a Eucaristia, que renova e perpetua o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao regresso de Jesus. Por isso, toda a missa centra-se na Eucaristia, porque ela é fonte e cume da vida cristã e nela a acção santificadora de Deus em nosso favor e o nosso culto para com Ele atingem o cume.
Jesus, como Cabeça, celebra a liturgia com os membros do seu Corpo, ou seja, com a sua Igreja celeste e terrestre", constituída por santos e pecadores, por habitantes da Terra e do Céu. Cada membro da Igreja terrestre celebra e actua na liturgia segundo a sua própria função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em sacrifício espiritual; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de Cristo Cabeça, representando-O no altar. Daí que só os clérigos (exceptuando os diáconos) é que podem celebrar e conduzir a Missa, nomeadamente a consagração da hóstia. Apesar de celebrar o único Mistério de Cristo, a Igreja possui muitas tradições litúrgicas diferentes, devido ao seu encontro, sempre fiel à Tradição católica, com os vários povos e culturas.
A missa é celebrada todos os domingos. Os católicos devem também ir à missa em cerca de dez dias adicionais por ano, chamados de Dias Santos de Obrigação. Missas adicionais podem ser celebradas em qualquer dia do ano litúrgico. Muitas igrejas têm missas diárias.
Além da missa, a Liturgia das Horas também é extremamente importante na vida eclesial, porque ela é a oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica. Esta oração consiste basicamente na oração quotidiana em diversos momentos do dia, através de Salmos e cânticos, da leitura de passagens bíblicas e da elevação de preces a Deus. Com essa oração, a Igreja procura cumprir o mandato que recebeu de Cristo, de orar incessantemente, louvando a Deus e pedindo-Lhe por si e por todos os homens. A Liturgia das Horas, que é uma antecipacão para a celebração eucarística, não exclui, mas requer de maneira complementar, as diversas devoções católicas, particularmente a adoração e o culto do Santíssimo Sacramento.

História da Igreja Católica
A história da Igreja Católica cobre um período de aproximadamente dois mil anos, e relata os eventos de uma das mais antigas instituições religiosas em atividade, influindo no mundo em aspectos espirituais, religiosos, morais, políticos e sócio-culturais. A história da Igreja Católica é integrante à História do Cristianismo e a história da civilização ocidental.
A Igreja Católica acredita que ela está na História, mas ao mesmo tempo transcende. É unicamente "com os olhos da Fé" que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina.
Origem da Igreja  A Igreja Católica acredita que a sua História remonta a Jesus Cristo e ao Apóstolo Pedro, a quem, segundo a doutrina católica, Cristo prometeu o Primado da Igreja fundada por Ele: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Os católicos acreditam também que Jesus entregou a São Pedro a autoridade suprema da Igreja: "Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus" (cf. Mt 16, 17-20), facto confirmado por Jesus depois da sua ressurreição: "Apascenta os meus cordeiros" (cf. Jo. 21, 15-17). Estes são alguns dos versículos da Bíblia que os católicos usam para defender que Jesus teria apontado Pedro, depois Bispo de Roma, e seus sucessores, como fundamento e cabeça visível de toda a Igreja.

Perseguição e crescimento
O Cristianismo nasceu e desenvolveu-se dentro do quadro político-cultural do Império Romano. Durante três séculos o Império Romano perseguiu os cristãos, porque a sua religião era vista como uma ofensa ao estado, pois representava outro universalismo e proibia os fiéis de prestarem culto religioso ao soberano imperial. Durante a perseguição, e apesar dela, o cristianismo propagou-se pelo império. As principais e maiores perseguições foram as de Nero, no século I, a de Décio no ano 250, a de Valeriano (253-260) e a maior, mais violenta e última a de Diocleciano entre 303 e 304, que tinha por objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última perseguição constituiu-se num rotundo fracasso. Diocleciano, após ter renunciado, ainda viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade graças ao Édito de Milão, iniciando-se a Paz na Igreja.
 No decurso do século IV, o Cristianismo começou a ser tolerado pelo Império, para alcançar depois um estatuto de liberdade e converter-se finalmente, no tempo de Teodósio, em religião oficial do Estado. O imperador romano, por esta época, convocou as grandes assembléias dos bispos, os concílios, e a Igreja pôde então dar início à organização de suas estruturas territoriais.
 A igreja cristã na região do Mediterrâneo foi organizada sob cinco patriarcas, os bispos de Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Constantinopla e Roma. As antigas comunidades cristãs foram, então sucedidas pela "sociedade cristã", o cristianismo passou de religião das minorias para então se tornar em religião das multidões. Com a decadência do Império os bispos pouco a pouco foram assumindo funções civis de caráter supletivo e a escolha do bispo passou a ser mais por escolha do clero do que pela pequena comunidade, segundo as fórmulas antigas. Por essa época não foram poucas as intervenções dos nobres e imperadores nas suas escolhas. Figuras expressivas da vida civil foram alçadas à condição de bispo, exemplo disto foram Santo Ambrósio, governador da Alta Itália que passou a bispo de Milão; São Paulino de Nola, ex-cônsul e Sidônio Apolinário, genro do imperador Avito e senhor do Sul das Gálias, que foi eleito bispo de Clermont-Ferrand.
 Antes de findar o século IV o Concílio de Niceia (325) e o Primeiro Concílio de Constantinopla, em respostas às heresias arianas e ao macedonismo, formularam a doutrina da Trindade que ficou fixada no seu conjunto no "Símbolo niceno-constantinopolitano". Por esta época colocou-se a questão da humanidade e divindade de Cristo que ficou definida no Concílio de Éfeso, convocado pelo imperador Teodósio II, que afirmou que Cristo é "perfeito Deus e perfeito homem" e definiu Maria como "Aquela que portou Deus" (Theotokos) em resposta à heresia Nestoriana (do bispo Nestório) que lhe atribuia apenas o Christotokos (Aquela que portou Cristo). Esta posição depois foi reafirmada no Concílio de Calcedônia (451) e no Terceiro Concílio de Constantinopla (680).

Padres da Igreja
Os tempos de ouro da Patrística foram os séculos IV e V, embora possa se entender que se estenda até o século VII a chamada "idade dos Padres". Os principais Pais do Oriente foram: Eusébio de Cesareia, Santo Atanásio, Basílio de Cesareia, Gregório de Nisa, Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo e São Cirilo de Alexandria.
Os principais Padres do Ocidente são: Santo Agostinho, autor das "Confissões", obra prima da literatura universal e Santo Ambrósio, Eusébio Jerônimo, dálmata, conhecido como São Jerônimo que traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim. Esta versão é a célebre Vulgata, cuja autenticidade foi declarada pelo Concílio de Trento. Outros pais que se destacaram foram São Leão Magno e Gregório Magno, este um romano com vistas para a Idade Média, as suas obras "os Morais e os Diálogos" serão lidas pelos intelectuais da Idade Média, e o "canto gregoriano" permanece vivo até os dias de hoje. Santo Isidoro de Sevilha, falecido em 636, é considerado o último dos grandes padres ocidentais.
Por esta época surgiu o monaquismo. Em busca de uma imitação de Cristo mais perfeita, com o tempo o ascetismo cristão tomou formas de afastamento do mundo. Santo Antão é figura-símbolo do monaquismo dos primeiros séculos, mas a sua figura central é São Bento que com os seus dois primeiros mosteiros e a sua famosa "Regra" serviu de referência típica para o monaquismo, principalmente no Ocidente. Na idade média os mosteiros prestaram relevantes serviços e, dentre outros, tiveram a grande missão de conservar a cultura antiga.
À medida que o Império romano decaía, a Igreja assumiu muitas de suas funções e ajudou a manter a ordem no meio do caos que se generalizava. O fato de nem tudo se haver perdido se deve em grande parte à influência ordenadora da organização eclesial. Por ela foram estimulados os ideais de justiça social, preservada e transmitida a cultura antiga e civilizadas as populações bárbaras.

Novos Horizontes
O Cristianismo, com a invasão dos bárbaros germânicos vindos do oriente a partir do século IV, teve nova oportunidade de expansão. Missionários levaram a mensagem do cristianismo para além das divisas antigas do Império. Winifrid, monge inglês que mudou o nome para Bonifácio, foi o grande apóstolo da Alemanha. Nos primórdios do século VI, no Natal, Clodoveu, rei dos francos recebeu o batismo católico, com ele todo o reino se converteu ao catolicismo. A França é considerada a filha primogênita da Igreja. Os magiares se converteram acompanhando o seu rei Santo Estevão, os boêmios com São Wenceslau e os poloneses com o batizado do duque Miezko.
O Mediterrâneo, no entanto, por volta do século VII se viu às voltas com o avanço muçulmano, estes dominaram o norte da África, parte do Oriente que havia sido cristianizado e, no ano 711, desembarcaram na Península Ibérica para conquistar com velocidade surpreendente o reino visigodo cristão e, a final, serem detidos em Poitiers por Carlos Martel. Por oito séculos os muçulmanos permaneceram na península. O relacionamento, neste período, entre muçulmanos e cristãos conheceu altos e baixos, desde inimigos em combates históricos a aliados episódicos contra vizinhos desafetos, uns e outros suportaram a dominação do adversário de forma desigual e inconstante, segundo as circunstâncias históricas de cada século. No início da Idade Média o Cristianismo sofreu ingerências dos senhores feudais, tanto nos bispados como na Santa Sé o que levou a vida eclesiástica a sofrer uma decadência moral.

O Grande Cisma
O Grande Cisma do Oriente, também chamado de Cisma do Oriente ou Cisma Ocidente-Oriente, foi o cisma que separou definitivamente a Igreja Católica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa. O cisma ocorreu no século XI, mais especificamente no ano de 1054, na cidade de Constantinopla.
O Bispo de Roma era tido pelos outros Patriarcas como "o primeiro entre iguais", embora o seu estatuto e influência tenha crescido quando Roma era a capital do império, com as disputas doutrinárias ou procedimentais a serem frequentemente remetidas a Roma para obter uma opinião. Mas quando a capital se mudou para Constantinopla, a sua influência diminuiu. Enquanto Roma reclamava uma autoridade que lhe provinha de São Pedro (que, segundo a tradição, morreu naquela cidade, e é considerado por ela o primeiro papa) e São Paulo, Constantinopla tornara-se a residência do Imperador e do Senado.

Motivos do Cisma
O distanciamento entre as duas Igrejas cristãs tem formas culturais e políticas muito profundas, cultivadas ao longo de séculos. As tensões entre as duas igrejas datam no mínimo da divisão do Império Romano em oriental e ocidental, e a transferência da capital da cidade de Roma para Constantinopla, no século IV.
Uma diferença crescente de pontos de vista entre as duas igrejas resultou da ocupação do oeste pelos outrora invasores bárbaros, enquanto o leste permaneceu herdeiro do mundo clássico. Enquanto a cultura ocidental se foi paulatinamente transformando pela influência de povos como os germanos, o Oriente permaneceu desde sempre ligado à tradição da cristandade helenística. Era a chamada Igreja de tradição e rito grego. Isto foi exacerbado quando os papas passaram a apoiar o Sacro Império Romano no oeste, em detrimento do Império Bizantino no leste, especialmente no tempo de Carlos Magno. Havia também disputas doutrinárias e acordos sobre a natureza da autoridade papal.
A Igreja de Constantinopla respeitou a posição de Roma como a capital original do império, mas ressentia-se de algumas exigências jurisdicionais feitas pelos papas, reforçadas no pontificado de Leão IX (1048-1054) e depois no dos seus sucessores. Para além disso, existia a oposição do Ocidente em relação ao cesaropapismo bizantino, isto é, a subordinação da Igreja oriental a um chefe secular, como acontecia na Igreja de Bizâncio.
Uma ruptura grave ocorreu de 856 a 867, sob o patriarca Fócio, este sabia que contribuía para aumentar o distanciamento entre gregos e latinos, e usou a questão do filioque como ponto de discórdia, condenou a sua inclusão no Credo da Cristandade ocidental e lançou contra ela a acusação de heresia. Desse modo, para o futuro as pendências não seriam apenas de natureza disciplinar e litúrgica, mas também de natureza dogmática, com o que se comprometia de modo quase irremediável a unidade da Igreja.

O Cisma
Quando Miguel Cerulário se tornou patriarca de Constantinopla, no ano de 1043, deu início a uma campanha contra as Igrejas latinas na cidade de Constantinopla, envolvendo-se na discussão teológica da natureza do Espírito Santo, questão que viria a assumir uma grande importância nos séculos seguintes.
Uma série de dificuldades complexas (disputas doutrinárias, Concílios disputados, a evolução de ritos separados e se a posição do Papa de Roma era ou não de real autoridade ou apenas de respeito) levaram à divisão em 1054 que separou a Igreja entre a Igreja Católica no Ocidente e a Igreja Ortodoxa Oriental no Leste (Grécia, Rússia e muitas das terras eslavas, Anatólia, Síria, Egipto, etc.). A esta divisão chama-se o Grande Cisma do Oriente.
Roma enviou o Cardeal Humberto a Constantinopla em 1054 para tentar resolver este problema. No entanto, esta visita acabou do pior modo, com a excomunhão do patriarca Cerulário, um ato entendido como a excomunhão de toda a Igreja bizantina e ao qual o Sínodo e Cerulário responderam do mesmo modo a Roma, excomungando o papa Leão IX. As Igrejas, através de seus representantes oficiais, também anatematizaram (denunciaram formalmente) uma à outra.
A deterioração das relações entre as duas Igrejas contribuiu largamente para o episódio do saque de Constantinopla durante a quarta Cruzada (1204) e o estabelecimento do Império Latino (Ocidental) que durou 55 anos. Isso aprofundou ainda mais a ruptura e a desconfiança mútua.
Houve várias tentativas de reunificação, principalmente nos Concílios Ecumênicos de Lyon (1274) e Florença (1439), mas as reuniões mostraram-se efêmeras. Estas tentativas acabaram efetivamente com a queda de Constantinopla em mãos dos otomanos, em 1453, que ocuparam quase todo o antigo Império Bizantino por muitos séculos.

Apogeu medieval 
Os séculos XII e XIII formaram o apogeu clássico da cristandade medieval. Inocêncio III é a figura que desponta nesta época. Por este tempo reuniram-se concílios, surgiram as universidades, foram fundadas ordens religiosas de renome a de São Francisco de Assis, de São Domingos de Gusmão, São Bruno fundou a Cartuxa, e São Bernardo de Claraval, talvez o personagem europeu de maior importância do século XII, deu notável impulso à Ordem de Cister. Surgiram ainda a Ordem das Mercês (Mercedários), os ermitãos de Santo Agostinho, e a Ordem do Carmo dentre outras. Surge também a "Escolástica", é o tempo de Alberto Magno e de Tomás de Aquino e a Suma Teológica e do primeiro "código canônico" (Decretais de Gregório IX), recompilado por São Raimundo de Penhaforte. Surge a Universidade de Paris que tem os seu privilégios reconhecidos pelo Papa Inocêncio III, em 1215, e as de Oxford, Bolonha e Salamanca. 
São deste tempo as Cruzadas, os Templários, os Hospitalários, as Ordens Militares e o "cavaleiro cristão" de que El Cid, Rodrigo Dias de Vivar, é o clássico modelo. O Papa concedia graças especiais aos combatentes, e nelas se envolveram príncipes e povos numa demonstração supranacional do elevado grau de seriedade da religiosidade da época. Também na Península Ibérica durante a reconquista os Papas decretaram algumas cruzadas contra o Islã, a mais famosa delas foi a batalha de Navas de Tolosa em 1212.
A decadência das cruzadas coincide com o movimento das missões. São Francisco de Assis consegue com o anúncio do Evangelho e o exemplo da caridade o que as armas não alcançaram. Aparecem as grandes Catedrais, a arte medieval é praticamente exclusiva arte sacra e têm lugar as grandes peregrinações com sentido penitencial: ao Santo Sepulcro, aos túmulos de São Pedro e São Paulo, em Roma e a Santiago de Compostela.

Crise e cisma do Ocidente
O Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou simplesmente Grande Cisma foi uma crise religiosa que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417.
Correntes religiosas orientais antigas lançaram as suas raízes no sul da França e norte da Itália. Surgiram os "Valdenses" e os "Albigenses" ou "Cátaros", baldados os esforços religiosos-diplomáticos de Inocêncio III. Este acabou por convocar uma vitoriosa cruzada chefiada por Simão de Monforte. Para continuar a luta contra esta heresia foi criada a Inquisição exclusivamente para a defesa da fé e o combate à heresia. Nesta empresa rivalizaram o poder eclesiástico e o poder civil. Em 1232 foi criada por Gregório IX a Inquisição Pontifícia, tanto o sistema penal da época como o processo inquisitorial tiveram graves defeitos que ferem a sensibilidade do homem moderno.
A Baixa Idade Média viu ainda surgir novas doutrinas heréticas, como as de Wiclef, professor em Oxford, cujas proposições são consideradas como precursoras dos reformadores do século XVI e tiveram forte influência sobre João Huss, cujas ideias tiveram ampla aceitação na Boêmia.
Os violentos conflitos entre o Imperador Frederico II e os Papas Gregório IX e Inocêncio IV foram a causa imediata da crise do sistema doutrinal e político da cristandade no século XIII, o que gerou um ressentimento dos povos germânicos contra o papado e que se constitui em causa remota que favoreceu a revolução luterana. Os conflitos entre Bonifácio VIII e Filipe, o Belo, rei da França culminaram com o Papa prisioneiro em Avinhão. Em Avinhão o pontificado afrancesou-se: foram franceses os sete papas que ali se sucederam bem como a grande maioria dos cardeais. Apareceu um nacionalismo eclesiástico que desperta o interesse dos soberanos do ocidente. Em 1377 Gregório XI retorna a Sé Apostólica para Roma, no episódio sobressai a figura de Santa Catarina de Sena.
A crise culmina no Cisma do Ocidente, os reis europeus se filiam a diferentes papas segundo as sua conveniências, chegam a ter até tres papas, cada um pretendendo ser a única cabeça legítima da Igreja. O Cisma deixou a cristandade dividida e perplexa, até mesmo entre os santos: Santa Catarina de Sena manteve-se ao lado de Urbano VI enquanto São Vicente Ferrer posicionou-se a favor de do Papa de Avinhão, Clemente VII. O Cisma do Ocidente vai de 1378 a 1417 e só vai terminar com a eleição de Martinho V, quando a Igreja recupera a sua unidade.

Grande Cisma do Ocidente
Entre 1309 e 1377, a residência do papado foi alterada de Roma para Avinhão, na França, pois o Papa Clemente V, foi levado (sem possibilidade de debate) pelo rei francês para residir em Avinhão. Em 1378, o Papa Gregório XI voltaria para Roma, onde faleceria. A população italiana desejava que o papado fosse restabelecido em Roma. Foi então eleito o Papa Urbano VI, de origem italiana. No entanto, ele demonstrou ser um papa muito autoritário, de modo que uma quantidade considerável do Colégio dos Cardeais, anularia a sua votação e foi realizado um novo conclave, sendo eleito Clemente VII, que passou a residir em Avinhão. Iniciara-se assim o Cisma, em que o Papa residia em Roma e o Antipapa residia em Avinhão, reclamando ambos para si o poder sobre a Igreja Católica. Posteriormente, surgiria outro Antipapa em Pisa. O cisma terminou no Concílio de Constança em 1414, quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

História
De 1309 a 1377, o papa não residia em Roma, mas em Avinhão, um período geralmente chamado de Cativeiro Babilônico, em alusão ao exílio bíblico de Israel na Babilônia. O Papa Gregório XI deixou Avinhão e restabeleceu a Santa Sé em Roma, onde morreu em 27 de março de 1378. A eleição de seu sucessor, definiria a residência do futuro papa em Avinhão ou Roma. O nome do Bartolommeo Prignano, Arcebispo de Bari, considerado com uma rígida moral e inimigo da corrupção, foi proposto. Os dezesseis cardeais italianos presentes em Roma reuniram-se em conclave em 7 de abril. No dia seguinte escolheram Prignano. Durante a eleição houve grande perturbação na cidade, pois o povo de Roma e dos arredores esforçou-se para influenciar a decisão dos cardeais, que tomaram meios para evitar possíveis dúvidas. No dia 13 eles realizaram uma nova eleição e, novamente, escolheram o Arcebispo Prignano para se tornar papa. Durante os dias seguintes todos os membros do Colégio dos Cardeais aprovaram o novo papa, que tomou o nome de Urbano VI e tomou posse. Um dia depois, o cardeais italianos notificaram oficialmente a eleição de Urbano aos seis cardeais franceses em Avinhão, que o reconheceram como papa e, em seguida, escreveram ao Imperador e aos demais soberanos. Tanto o cardeal Roberto de Genebra, o futuro Antipapa Clemente VII de Avinhão, e Pedro de Luna de Aragão, o futuro Antipapa Bento XIII, também aprovaram sua eleição.
O Papa Urbano não atendeu às necessidades de sua eleição, criticou os membros do Colégio dos Cardeais e se recusou a restaurar a sede pontifical em Avinhão. Os cardeais italianos então em maio de 1378, se retiraram para Anagni, e em julho para Fonti, sob a proteção da Rainha Joana de Nápoles e Bernardon de la Salle, iniciaram uma campanha contra a sua escolha, preparando-se para uma segundo eleição. Em 20 de setembro, treze membros do Colégio do Cardeais fizeram um novo conclave em Fondi e escolheram Roberto de Genebra como papa, que tomou o nome de Clemente VII. Alguns meses depois, esse antipapa, apoiado pelo Reino de Nápoles, assumiu sua residência em Avinhão. O cisma começava.
Clemente VII possuía relações com as principais famílias reais da Europa. Os estudiosos e os santos da época normalmente apoiavam o papa adotado pelo seu país. A maior parte de estados italianos e alemães, a Inglaterra e a Flandres apoiaram o papa de Roma. Por outro lado, França, Espanha, Escócia e todas as nações aliadas da França apoiaram o antipapa de Avinhão. O conflito rapidamente deixou de ser um assunto da Igreja para se tornar um incidente diplomático disseminado pelo continente europeu:

Avignon
França, Aragão, Castela, Leão, Chipre, Borgonha, Condado de Saboia, Nápoles e Escócia reconheceram o reclamante de Avignon;

Roma
Dinamarca, Inglaterra, Flandres, o Sacro Império, Hungria, Norte da Itália, Irlanda, Noruega, Polônia e Suécia reconheceram o reclamante de Roma.
Os papas excomungaram-se mutuamente, nomeando outros cardeais para compensar as deserções, enviando mensageiros para a cristandade defendendo sua causa e estabelecendo sua própria administração. Posteriormente Bonifácio IX sucedeu Urbano VI em Roma e Bento XIII sucedeu Clemente em Avinhão. Vários clérigos reuniram-se em concílios regionais na França e em outros lugares, sem resultado definitivo. O rei da França e seus aliados em 1398 deixaram de apoiar Bento e Geoffrey Boucicaut, sitiou Avinhão, o bloqueio privou o antipapa de comunicação com todos aqueles que permaneceram fiéis a ele. Bento retomou a liberdade somente em 1403. Inocêncio VII já tinha sucedido Bonifácio de Roma, e após um pontificado de dois anos, foi sucedido por Gregório XII.
Na época do cisma vivia-se na península Ibérica as guerras fernandinas e a crise de 1383-1385, ambas opondo os reinos de Castela e Portugal por questões dinásticas. Assim, no tempo de Fernando I de Portugal a sua desastrosa política externa levou-o a apoiar o Papa de Avinhão, que também tinha o apoio de Castela; depois da crise sucessória, como Castela continuasse a defender o papa de Avinhão, não será de estranhar que João I de Portugal, para mostrar bem a sua independência, fosse pelo Papa romano.
Em 1409, um concílio que se reuniu em Pisa acrescentou um outro antipapa e declarou os outros dois depostos. Depois de muitas conferências, discussões, intervenções do poder civil e várias catástrofes, o Concílio de Constança (1414) depôs o Antipapa João XXIII, recebeu a abdicação do Papa Gregório XII, e finalmente, conseguiu depôr o Antipapa Bento XIII. Em 11 de novembro de 1417, o concílio elegeu Odo Colonna, que tomou o nome de Martinho V, com o que terminou o grande cisma do Ocidente e foi restabelecida a unidade.

Os papas e antipapas do cisma
* Em Roma
Papa Urbano VI (r. 1378 - 1389) Papa Bonifácio IX (r. 1389 - 1404) Papa Inocêncio VII (r. 1404 - 1406) Papa Gregório XII (.r. 1406 - 1417)

* Em Avinhão
Antipapa Clemente VII (r. 1378 - 1394) Antipapa Benedito XIII (r. 1394 - 1417)

* Em Pisa
Antipapa Alexandre V (r. 1409 - 1410) Antipapa João XXIII (r. 1410 - 1417)

Linha do tempo
A transição, Constantinopla e a América Vários fatores contraditórios coincidem na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. As elites são alimentadas por uma nova visão, agora antropocêntrica e por um certo retorno à antiguidade pagã. Os papas do renascimento, com exceção de Adriano VI, são mais voltados para as artes e letras, tornaram-se mais governantes voltados para os assuntos temporais e verdadeiros mecenas, que preocupados com os problemas disciplinares eclesiásticos e para as questões espirituais.
Constantinopla cai no dia 29 de maio de 1453 na mão dos turcos otomanos. Perde-se o Império Cristão do Oriente que começava a se reaproximar depois do "Grande Cisma". Fechadas as portas para o Oriente têm início então as "grandes navegações" em que se destacaram as nações católicas Portugal e Espanha, a descoberta das Américas abre caminho para o Evangelho chegar a novos povos e permite novas perspectivas em que irão se destacar, no primeiro momento, os jesuítas de Santo Inácio de Loyola.
É deste tempo, o Humanismo, culto exagerado dos clássicos latinos e gregos, defendia uma piedade erudita. O maior dos humanistas foi Desidério Erasmo (1466 - 1536), de Roterdão, amigo de Thomas Morus. Na verdade, com exceção da Espanha, onde o humanismo apoiado pelo Cardeal Cisneros foi sinceramente cristão, a herança religiosa dos humanistas pouco contribuiu para uma esperada reforma da Igreja.
A grande divisão seguinte da Igreja Católica ocorreu no século XVI com a Reforma Protestante, durante a qual se formaram muitas das denominações Protestantes.

A Reforma Protestante
A Reforma protestante teve Martinho Lutero por autor. Antigo frade da ordem dos Agostinhos o seu êxito reformador deveu-se não só aos seus talentos de líder, mas em boa medida a uma série de fatores históricos que se conjugaram de modo oportuno. Favoreceram o progresso da Luteranismo fatores de ordem política, como os conflitos entre papas e imperadores, a decadência moral do clero na Alemanha, os nacionalismos eclesiásticos, interesses burgueses e um império germânico fragmentado em pequenos principados e cidades-estado, mas, principalmente o ressentimento contra Roma que tinha tomado forma nos Gravamina Nationis Germanicae, a lista de querelas e agravos da nação germânica contra a Cúria Romana.
Lutero, de sua vez, construiu um herética sistema doutrinal-religioso em franca divergência com a tradição da Igreja. Segundo Lutero as obras do homem de nada servem para a salvação, nem os sacramentos na sua maioria, nem o Papado. A Igreja não seria nem depositária e nem interprete da Revelação. A Sagrada Escritura apenas e exclusivamente seria a única fonte da Revelação segundo a interpretação livre que cada fiel em particular lhe desse, diretamente inspirado por Deus. Publicou as 95 teses contra a Teologia Escolástica e as 95 sobre as Indulgências (Wittemberg, 1517), condenadas pelo Papa Leão X, que acabou por excomungá-lo (1521).
Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o Protestantismo.
As doutrinas de Lutero tiveram boa aceitação: a supressão do celibato eclesiástico por não poucos sacerdotes, numa época de baixo nível moral do clero; a supressão dos votos monásticos por comunidades religiosas. A doutrina de que "a fé sem as obras justifica" resolveu o problema de muitas pessoas conscientes de seus pecados mas desejosos de garantir a própria salvação. A possibilidade de se apropriar dos bens da Igreja atiçou a cobiça dos príncipes.
Em 1546, quando Lutero faleceu, a Reforma protestante já abrangia mais da metade da Alemanha. Zuínglio na Suíça, João Calvino na França, levaram adiante ideias similares às de Lutero. O Calvinismo vai arraigar-se com profundidade em Genebra, entre os franceses (huguenotes), na Escócia com John Knox e de uma forma mais amena nos Estados Unidos com a Igreja Presbiteriana. Na Inglaterra, Henrique VIII, por razões pessoais - não obtendo a invalidação de seu casamento - se faz Cabeça suprema da igreja no país - provocando o martírio de Tomás Moro, Lord Chanceler do Rei, de John Fisher, Bispo de Rochester, e de alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges capuchos.

A Reforma Católica
Contrarreforma ou Contra-reforma, também denominada Reforma Católica é o nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517, teve como ponto principal o Concílio de Trento, embora este movimento tenha começado anteriormente em vários setores da Igreja. Em 1534 foi eleito Papa, aos 66 anos de idade, o Cardeal Alexandre Farnesio, que tomou o nome de Paulo III. Vencendo a resistência de reis e príncipes convocou o Concílio Ecumênico de Trento, que inicia os trabalhos as 13 de dezembro de 1545 e só concluiu em 1563.
Em 1543, a igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do "Index Librorum Prohibitorum", com uma relação de livros proibidos pela igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e semináriose, e a supressão de abusos envolvendo indulgências. A Inquisição e a censura exercida pela Igreja Católica foram igualmente determinantes para evitar que as idéias reformadoras encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos.
O Concílio determinou um novo vigor para a Igreja Católica. Medidas reformadoras foram impostas em todos os países que se mantiveram fiéis a Roma, cessando o avanço do protestantismo. Em alguns cantões Suíços, na Baviera, na Polônia, na Áustria consolidou-se o catolicismo. O avanço português e espanhol nas Américas, África e Ásia serviu de veículo à expansão da fé católica. Acabaram-se os pregadores de indulgências de "meia-pataca", puseram-se fim aos abusos e ao relaxamento moral do clero, restabelecendo uma disciplina eclesiástica. A Vulgata de São Jerônimo seria a tradução latina oficial da Igreja, todas as teses protestantes foram discutidas e revigorou-se as doutrinas dogmática, moral e sacramental católicas.
Perante os cismas protestante e anglicano, cresceu no seio da Igreja fiel a Roma o desejo de que a Igreja entrasse pela via de uma autêntica reforma. Ela, porém, tardou, até que, depois dos Papas da Renascença, encontrou o apoio de Papas verdadeiramente interessados nessa reforma. Surgiu assim a ideia de um Concílio reformador, que se reuniu em Trento, por três períodos, entre 1545 e 1563, com a participação de bispos de grande valor (S. Carlos Borromeu, Beato Bartolomeu dos Mártires…). O Concílio condenou teses erróneas, definiu doutrina e tomou diversas medidas disciplinares, entre as quais a fundação de seminários para a formação do clero. Para a sua aplicação, contou com papas de valor, como S. Pio V (reforma litúrgica, Catecismo do Concílio...) e com a Companhia de Jesus, fundada em 1540, que exerceu extraordinária acção nos campos da defesa do Papado, do ensino da Teologia e das Ciências, e da evangelização dos novos povos. Outras ordens religiosas, renovadas no seu espírito (p.ex., Carmelitas) ou de novo fundadas, deram também preciosos contributos para a autêntica reforma da Igreja.
Ao mesmo tempo São Pedro Canísio no Leste Europeu, São Carlos Borromeu como secretário de Estado de Pio IV, e mais tarde arcebispo de Milão, aplicando a Reforma Católica ao norte da Itália, foram elementos importantes para o cumprimento dos decretos do Concílio de Trento. Santa Teresa de Jesus, reformadora do Carmelo; Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, ao falecer deixara ordenados mais de mil jesuítas evangelizando o mundo inteiro, e São Filipe Néri, foram três gigantes da Reforma Católica. São Thomas Morus morreria decapitado por se manter fiel à fé, juntamente com John Fisher e o Venerável Edmundo Campion. São Francisco Xavier levaria o Evangelho ao Extremo Oriente, à Índia, Malaia, Japão e à China, São Francisco de Borja repararia com folga os erros de sua família, São Roberto Belarmino daria novo impulso á teologia. A Igreja ressurgia da crise fortalecida e revigorada doutrinal e espiritualmente.

A ascensão francesa
No século XVII a França passou a ocupar o espaço que anteriormente era o da Espanha e passou a ser a principal referência da vida cristã.
A França permaneceu católica e com o Édito de Nantes (1598) os protestantes huguenotes receberam garantias de tolerância religiosa. Começa então um período de vívida atividade, as missões de São Francisco de Sales em Chablais, conseguiram o regresso ao catolicismo de grande parte da suiça francesa.
São Vicente de Paulo também promoveu missões de alcance popular, às quais se dedicaram os lazaristas, oriundos do Seminário de São Lázaro, desenvolveu intensa atividade beneficente e social, principalmente através das Irmãs da Caridade. São João Batista de La Salle funda uma ordem religiosa voltada para o ensino, e a ordem de Cister foi reformada pelo abade Rancé, dando origem à ordem dos trapistas.
No espírito tridentino foi fundado o "Oratório" pelo Cardeal Bérulle e Jean-Jacques Olier os "sulpicianos" do seminário de São Sulpício, formador de professores e mestres para outros seminários. A intelectualidade francesa foi enriquecida com personalidades católicas do nível de Blaise Pascal, Mabillon, Bossuet e Fénelon e Luís XIII consagra a França à Santíssima Virgem (1638) e Luís XIV revogou o Édito de Nantes (1685) impondo a unidade católica pela força.
O século XVII foi também um período de intensas disputas doutrinário-teológicas, o que demonstra a vitalidade e o interesse pelo tema religioso. São desta época o as correntes de pensamento religioso do "Molinismo" e os "Bañezianos" seus adversários, o "Jansenismo" e o "Quietismo", algumas delas condenadas expressamente por Roma.

Do Regalismo à Restauração
O despotismo ilustrado No século XVIII as monarquias católicas pretenderam o controle da vida eclesiástica, movimento que ficou conhecido como "Regalismo", o que fez com que o Pontificado Romano perdesse parte de seu poder político. Isto não só pela perda de territórios para nações protestantes. Pretenderam fazer da Igreja um serviço público subordinado ao rei e integrante da administração do Estado. Este comportamento era característico do Despotismo Ilustrado. Catolicismo como única religião oficial do Estado e sob intervenção do monarca e desconfiança em relação a Roma, seria a marca desta fase. Esta tendência anti-romana teve como alvo preferido a Companhia de Jesus, principal força de que dispunha o Papado. Os jesuítas foram expulsos de Portugal, da Espanha, de Nápoles e da França e finalmente foram dissolvidos por Clemente XIV.
Na França este intervencionismo clerical de Luiz XIV ficou conhecido como "Galicanismo", nas terras germânicas surgiu o "Febronianismo", de Febrónio, psudônimo de João Nicolau de Hontheim, bispo auxiliar do bispo eleitor de Tréveris que defendia a subordinação da Igreja aos príncipes. Na Áustria surgiu o "Josefismo" de igual tendência, o mesmo se deu com Pedro, o Grande na Rússia, que suprimiu o Patriarcado da Igreja russa. Os episcopados das monarquias regalistas se transformaram em patrimônio da aristocracia, tornaram-se dóceis ao poder, e nos finais do Antigo Regime a vida cristã tanto da hierarquia como do povo aparentava languidez e opacidade.
O Iluminismo
A partir de 1680 verificou-se uma mudança de mentalidades e ideias na Europa. Surge o racionalismo de Descartes que levado ao extremo chega ao ceticismo religioso, surgiram os "libertinos" que adotavam uma posição de indiferença para com a religião, eram epicuristas: "comamos e bebamos que amanhã morreremos". Espinoza faz uma crítica radical contra a Bíblia e o "Deísmo" da Inglaterra se propagou para o continente. O Deísmo não nega Deus mas o afasta do homem e adota uma construção panteísta e foi adotado pela Maçonaria, principalmente a inglesa que surge nesta época. Combate qualquer religião organizada, e era adversária em especial do cristianismo. Foi condenada por Clemente XII em 1738. O ódio a qualquer religião e principalmente ao cristianismo foi também uma obsessão para Voltaire.
 Mas o principal instrumento para divulgação da ideologia "ilustrada" foi a "Enciclopédia", projetada por Diderot e D'Alembert, com orientação intelectual ostensivamente contrária ao Cristianismo, teve a sua ideologia religiosa fortemente influenciada por Rosseau de linha de pensamento vagamente Deísta. Emmanuel Kant de sua vez teve decisiva importãncia no pensamento europeu do século que viria.
 O conflito entre o Iluminismo e a Igreja Católica teve seu auge no final do século XVIII com a Revolução Francesa, cuja Constituição Civil do Clero aboliu muitos privilégios do clero e reduziu a hierarquia francesa a funcionários públicos, sujeitos às interpretações teológicas e intervenções do Estado revolucionário.
A Revolução
A Revolução Francesa, nos seus momentos mais radicais, fez o possível para eliminar qualquer religião e extirpar qualquer resquício de vida cristã na sociedade. Dois papas foram aprisionados na França, os templos e bens da Igreja confiscados e depois cairam em mãos de particulares. Sob o Terror, a perseguição anticatólica atingiu o seu ponto máximo. Milhares de católicos subiram ao patíbulo pelo simples fato de professarem a religião e procedeu-se à matança dos clérigos que não juraram a Constituição Civil do Clero, proibida por Pio VI. Institui-se uma religião-ideologia de estado e tentou-se difundir o culto pagão à "Deusa-Razão" numa encenação da sua coroação na Catedral de Notre-Dame de Paris, em 10 de novembro de 1793.
Napoleão foi o restaurador da Igreja na França com a Concordata de 17 de julho de 1801 e, ao assumir o poder, restabeleceu as velhas práticas do "Regalismo Galicano". Depois de Waterloo muitos católicos defenderam uma "aliança entre o Trono e o Altar" achando que assim se asseguraria uma estabilidade para ambos. Esta aliança não duraria muito.

O Século "Das Coisas Novas"
Em 1802 em consequência de uma Concordata entre Napoleão e a Cúria Romana, a Igreja Católica recuperou sua autonomia e legalidade na França.
As ondas do nacionalismo fizeram com que o Papado percebesse que estava perdendo terreno no poder temporal, assim passou a garantir sua hegemonia espiritual sobre toda a Igreja Católica: em 1847 foi estabelecido um Patriarcado Latino de facto em Jerusalém (desde as cruzadas o título era somente honorário); a hierarquia católica foi restabelecida e reconhecida pelo parlamento na Inglaterra, graças em parte às campanhas do irlandês O'Connel.
Surge nesta época o Movimento de Oxford na Igreja Anglicana que procurava uma aproximação com a Igreja Católica. Teólogos anglicanos como John Henry Newman que se converteu em 1845 e depois nomeado Cardeal e Edward Manning arcediago da Catedral de Chichester que converteu-se em 1851 e depois nomeado também Cardeal são fatos marcantes da vida da Igreja na Inglaterra deste século.
Em 1846, antes mesmo da proclamação do dogma, a Imaculada Conceição era declarada padroeira dos Estados Unidos da América e surgem os primeiros beatos e santos norte-americanos: Filipa Duchesne, Santa Francisca Xaviera Cabrini e Isabel Ana Seton.
Com as crises provocadas pelas guerras franco-prussianas e da unificação da Itália, Roma é invadida e o Papa se declara prisioneiro no Vaticano. Pio IX, na encíclica Quanta cura, condena os erros do liberalismo filosófico, do racionalismo, do pantéismo, do naturalismo, do agnosticismo, do indiferentismo, do racismo, do socialismo marxista e do comunismo.
Na verdade, a Igreja surge rejuvenescida. É deste tempo o Cura d'Ars, São João Maria Baptista Vianney, pároco de uma pequena aldeia perto de Lyon, na França, mais tarde proclamado patrono do clero secular; a Bernadete Soubirous de Lourdes e a confirmação da proclamação do dogma da Imaculada Conceição e as Conferências de São Vicente de Paulo, fundadas por Frederico Ozanam.
Na Áustria, São Clemente Hofbauer se notabiliza; na Itália, o trabalho de São João Bosco regenera marginais, conquista a juventude e convence pela caridade governos locais ateus e anticlericais. Santo Antônio Maria Claret funda a ordem dos Claretianos missionários.
Em 1854 é proclamado formalmente o dogma da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. Em 1869 o Papa Pio IX convoca o Concílio Vaticano I, que afirma o dogma da Infalibilidade Pontifícia, na votação todos os Padres Conciliares, exceto dois, votaram neste sentido, e ambos os dissidentes logo que souberam do resultado aderiram, não obstante, por isto, alguns teólogos fundarem a cismático Igreja Vétero-Católica. A proclamação deste dogma determinou a discriminação e mesmo a perseguição de católicos na Prússia, onde Bismarck havia lançada a sua kulturkampf, que depois será contornada com a diplomacia de Leão XIII. O Concílio também adota a Constituição Apostólica Dei Filius que consolida a doutrina da Igreja sobre as relações entre fé e razão.
Também inicia a era da Doutrina Social da Igreja Católica, com a publicação da encíclica Rerum Novarum (1891) pelo Papa Leão XIII em que enfrenta os problemas da "questão social" que surge e onde condena os excessos do liberal-capitalismo e a luta de classes, defende o salário justo e proclama a função social da propriedade e critica tanto Estado do laissez-faire como dirigismo socialista.
O mesmo Leão XIII na encíclica Aeterni Patris reafirma as doutrinas de São Tomás de Aquino, na Immortale Dei (1885) dá diretrizes para a ação política cristã. Este século deu ainda ao mundo uma "pequena grande" santa: Teresa de Lisieux ou Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, freira carmelita enclausurada, falecida aos 24 anos de idade, canonizada, foi declarada co-padroeira dos missionários ao lado de São Francisco de Sales e se tornaria muito popular.

Os primórdios do Século XX
Leão XIII foi sucedido por pelo Cardeal Sarto que assumiu o nome de Pio X e que viria a ser canonizado. Este iniciou os trabalhos de unificação das leis eclesiásticas que mais tarde se tornariam no Código de Direito Canônico de 1917, combateu o modernismo e recomendou a comunhão das crianças a partir da idade do discernimento. Faleceu nas primeiras semanas da Primeira Guerra Mundial.
Bento XV, Cardeal della Chiesa, exerceria o pontificado de 1914 a 1922. Durante a Guerra, a Santa Sé realizaria um grande trabalho em favor das suas vítimas e de localização de soldados desaparecidos. A Bento XV sucedeu Pio XI (1922-1939): durante o seu período na Santa Sé assinou o Tratado de Latrão que instituiu o Estado da Cidade do Vaticano. Condenou os erros do fascismo na carta Encíclica Non abbiamo bisogno, escrita não em latim, mas na língua italiana, para que não se tivesse dúvida a quem se dirigia. Criou e incentivou a Acção Católica destinada a orientar o apostolado dos leigos, desenvolveu também a ação missionária. Inaugurou a Rádio Vaticano inserindo a Igreja na era da tecnologia das comunicações, criou um observatório astronômico e foram criadas universidades católicas na Itália, Holanda e Polônia.
Durante o pontificado de Pio XI foi assinado o Tratado de Latrão dando início ao reconhecimento internacional do Estado do Vaticano tendo o Papa como seu soberano e determinando o fim da chamada Questão Romana. Em 1931 Pio XI publicou as Encíclicas Casti Connubii e Quadragesimo anno por ocasião dos quarenta anos da publicação da Rerum Novarum do Papa Leão XIII atualizando a Doutrina Social da Igreja e a Divini Redemptoris, em que condenou os erros do materialismo marxista e os do comunismo ateu, ideologia oficial da União Soviética.
Publicou também a Encíclica Mit brennender Sorge (Com ardente ansiedade) em alemão, para condenar os erros do Nazismo e sua doutrina racista, que foi lida em todas as igrejas alemãs em 1937, o que determinou o recrudescimento da perseguição contra os católicos pelos nazistas. Foi um tempo de florescimento da Igreja que teve como contraponto a perseguição e o mártírio de muitos cristãos. Na Rússia comunista e no México a perseguição teve dimensões inéditas. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), foram assassinados sete mil religiosos espanhóis por "ódio à religião", pelo fato de serem religiosos católicos.

A Segunda Guerra e o pós-Guerra
A Segunda Grande Guerra produziu muitos mártires católicos, dentre eles se destacam Edith Stein e Maximiliano Kolbe e ainda o Rupert Mayer, nesta mesma época Clemens August von Galen, cardeal e bispo de Münster, destacou-se na denúncia dos crimes do nazismo.
O Cardeal Pacelli tomou o nome de Pio XII (1939-1958), quando os nazistas ocuparam Roma, acolheu no Vaticano milhares de perseguidos, de todos os credos e raças e nacionalidades. Por uma grande soma de dinheiro resgatou 200 judeus e, com a sua aprovação, Monsenhor O'Flaherty, alto funcionário da Congregação do Santo Ofício, organizou uma rede clandestina de auxílio aos perseguidos que permitiu que fossem salvos milhares de judeus e comunistas.
Desde 1939 não se nomeavam novos cardeais. Pio XII, em 1946, procedeu à nomeação das 32 vagas existente num colégio de cardeais que na época era de 70 cardeais. Nomeou quatro cardeais italianos e vinte e oito de outras nacionalidades.
Em 1950, Pio XII proclamou solenemente o dogma da Assunção da Virgem Maria cuja tradição já era celebrada desde São Leão Magno, no século V (15 de agosto) e consagrou a Humanidade ao Imaculado Coração de Maria. Criou 190 dioceses e incentivou a criação de novas instituições na Igreja. No seu tempo a divisão da Europa aumentou o sofrimento da Igreja e a perseguição religiosa no Leste Europeu.
Fonte: Igrejacatolica.com

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