Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

quarta-feira, 30 de março de 2011


PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 30 de Março de 2011


Santo Afonso Maria de Ligório
Queridos irmãos e irmãs,
Corria o ano de 1732, quando Santo Afonso Maria de Ligório fundou a Congregação do Santíssimo Redentor. Autênticos missionários itinerantes, os padres redentoristas foram até às aldeias mais distantes, exortando à conversão e à perseverança na vida cristã, sobretudo por meio da oração. Assim aprenderam do seu Fundador, o qual lhes recomendava que fossem fiéis à doutrina moral católica, mas assumindo uma atitude cheia de caridade e compreensão com os pecadores. Os sacerdotes – ensinava ele - são um sinal visível da misericórdia infinita de Deus, que perdoa e ilumina a mente e o coração do pecador, para que se converta e mude de vida. Este ensinamento de Santo Afonso é de grande actualidade neste nosso tempo, em que há claros sinais de perda da consciência moral e – com preocupação, o reconhecemos – de falta de estima pelo sacramento da Reconciliação.
* * *
Amados peregrinos de língua portuguesa, queridos fiéis da paróquia de Santa Maria do Barreiro, na diocese de Setúbal: a minha saudação amiga para todos vós, com votos de um frutuoso empenho na caminhada quaresmal que estais fazendo. Que nada vos impeça de viver e crescer na amizade de Deus, e testemunhar a todos a sua bondade e misericórdia! Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção Apostólica.

Vaticano: Bento XVI preocupado com «falta de estima» pela Confissão


Cidade do Vaticano, 30 Mar (Ecclesia) – Bento XVI manifestou hoje a sua “preocupação” com a “falta de estima” pela Confissão, nome que designa o sacramento da Penitência ou Reconciliação, numa época marcada por “sinais claros" de desvanecimento da "consciência moral”.
A alusão ao sacramento durante a catequese dedicada a Afonso Maria de Ligório (1696-1787) foi feita no período mais marcadamente penitencial da Igreja católica, a Quaresma, que decorre até à Páscoa.
O santo italiano, cujos ensinamentos são “ainda de grande actualidade”, propôs “um rico ensinamento de teologia moral”, tendo sido proclamado patrono de todos os confessores e moralistas.
“Ao seu tempo tinha-se difundido uma interpretação muito rigorista da vida moral”, que “em vez de alimentar a confiança e a esperança na misericórdia” divina, “fomentava o medo e apresentava um rosto de Deus fechado e severo”, recordou Bento XVI.
Depois de salientar que Afonso de Ligório se distinguiu pela importância conferida “aos afectos e aos sentimentos do coração”, o Papa lembrou que o "insigne teólogo" insistiu na convicção de que “a santidade é acessível” a todos os cristãos.
Antes de se tornar padre e “mestre de vida espiritual para todos, sobretudo para as pessoas simples”, Afonso de Ligório obteve, com “apenas” 16 anos, o grau académico em direito civil e canónico.
Após tornar-se “o mais brilhante” advogado da comarca de Nápoles, onde durante oito anos ganhou “todas as causas” que defendeu, decidiu abandonar a profissão – e também “a riqueza e o sucesso” – para ser ordenado sacerdote, apesar da oposição do pai.
Nas acções de evangelização entre “os estratos mais humildes” da sociedade napolitana, Afonso conseguiu que “nos bairros mais pobres da cidade” se multiplicassem grupos de pessoas que rezavam e meditavam na Bíblia.
“Roubos, duelos, prostituição acabaram quase por desaparecer”, assinalou Bento XVI, para quem a acção do fundador da congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas) é inspiradora de uma “nova evangelização”, particularmente dos mais pobres.
A intervenção do Papa realçou que o anúncio da mensagem cristã e a construção de “uma convivência humana mais justa, fraterna e solidária” envolve padres, a quem é confiado o “ministério espiritual”, e “leigos bem formados” que possam ser “animadores cristãos eficazes”.
A “bondade” e o “zelo pastoral” de Afonso de Ligório, declarado santo em 1839, estiveram na base da sua nomeação para bispo de Sant’Agata dei Goti, enquanto que as suas obras, lidas e traduzidas em vários idiomas, contribuíram para modelar “a espiritualidade popular dos últimos dois séculos”.
O "Doutor da Igreja" estava convencido de que a meditação sobre o chamamento a “participar para sempre na beatitude de Deus, como na trágica possibilidade da condenação”, estimula uma existência vivida “com serenidade e empenho” e contribui para encarar a morte com "plena confiança na bondade" divina, sublinhou Bento XVI.
Dirigindo-se aos “amados peregrinos de língua portuguesa”, e em especial aos “queridos fiéis da paróquia de Santa Maria do Barreiro, na diocese de Setúbal”, o Papa desejou um “frutuoso empenho na caminhada quaresmal”.

terça-feira, 29 de março de 2011

Senhor, dá-me de beber!


Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo - SP

As catequeses e os exercícios da Quaresma estão orientados para preparar os catecúmenos ao Batismo e a nós, que já fomos batizados, para a renovação das promessas batismais. O terceiro Domingo da Quaresma apresenta-nos, neste ano, o Evangelho da Samaritana, uma belíssima catequese batismal (cf Jo. 4,5-42).
A água na Samaria é rara e, como era costume, a mulher ia todos os dias ao Poço de Jacó. É lá, sentado à beira do poço, que Jesus encontra a Samaritana; o evangelista São João conduz o diálogo de maneira magistral, iniciando com a conversa sobre a água e o poço, passando pelas diferenças de fé entre judeus e samaritanos e pela vida pessoal da mulher, “mexendo” com sua consciência, para terminar com a proclamação dela e dos samaritanos, que acorreram ao poço: Jesus é o Salvador do mundo!
S.Agostinho observa que a Samaritana, de fato, é figura de cada um de nós, que passamos a vida procurando água nos poços por aí... Temos sede e necessitamos de beber. Mas que sede é essa? Já não é da água, que a torneira ou a garrafinha nos podem fornecer. Temos sede de amor, de acolhida, de sentido para a vida, de luz, de justiça, misericórdia, perdão, vida e felicidade plena. E nosso balde nunca se enche com as águas postas à nossa disposição. Buscamos mais; temos mesmo, é sede de Deus! S.Agostinho bem conheceu esta sede: “Tu nos fizeste para Ti, Senhor, e nosso coração não sossega enquanto não repousar novamente em Ti!”
Notemos que é o próprio Jesus quem primeiro pede para beber. O Filho de Deus veio ao nosso encontro e, como bom pastor, vai ao encontro das ovelhas dispersas. Tem sede, quer nos encontrar, tem muito para nos oferecer, quer se revelar a nós como verdadeira fonte de água viva: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba!” dirá ele em Jerusalém (cf Jo. 7,7). Veio procurar “os verdadeiros adoradores, que adorem a Deus em espírito e verdade” (cf Jo 4,23); quer dizer, com a consciência reta e a vida orientada para Deus, que não nos quer alienados e desorientados, indo para falsas direções.
A Quaresma nos impõe uma reflexão: Será que levamos a sério a nossa “sede”? Quais são os horizontes e as metas que temos na vida? Para quê vivemos? Para onde vamos? Quais são os valores que orientam nossas decisões? De que lado estamos: de Deus ou longe dele? Com que tipo de “água” tentamos matar nossa sede ardente? Perigosa é a tentação da vida superficial, da rotina do dia-a-dia, sem nos confrontarmos com as questões de fundo da nossa existência. A cultura atual favorece isso; vamos consumindo uma série de coisas, tentando saciar nossa sede, até mesmo para abafá-la... Pior ainda, talvez consumimos águas poluídas, que matam pouco a pouco, em vez de nutrir a vida. Vícios, drogas, vaidades alienantes, busca desenfreada de poder, riqueza e de gozo da vida podem representar essas águas envenenadas, que enganam nossa sede, mas não a saciam.
O profeta Jeremias, falando por Deus, já fez esta queixa dramática ao povo, que abandonou a fé no Deus vivo e verdadeiro e se voltou para a idolatria. “Duplo crime cometeu o meu povo: abandonou a mim, fonte de água viva, e preferiu cavar para si cisternas rachadas, que não podem conter a água” (Jr 2,13).
A mulher samaritana acaba deixando seu cântaro à beira do poço; já não precisa dele, pois encontrou a própria fonte abundante de “água viva”! O trecho final deste Evangelho mostra aonde a catequese quer levar: à adesão de fé em Jesus Cristo, o “Salvador”, àquele que mata nossa sede mais atroz; e assim também leva ao encontro da alegria, da beleza e de um novo sentido para a vida.
Participando do Mistério Pascal de paixão, morte e ressurreição de Jesus, também nós somos convidados a renovar nossa adesão a Cristo Salvador, nossa alegria de crer e o compromisso com o anúncio do Evangelho ao mundo.

Lançado o Ano Internacional do Afrodescendente no Brasil


ano_afrodescendenteFoi lançado pela ministra chefe da Secretaria de Promoção de Políticas para a Igualdade Racial (Seppir), no dia 21, o Ano afrodescendente no Brasil. O lançamento da campanha marca também os oito anos de criação da Seppir e o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, comemorado no dia 21 de março, que lembra as vítimas do massacre de Shapeville na África do Sul, mortas enquanto realizavam um protesto pacífico contra o regime de segregação racial.
O lançamento da Campanha no Brasil se justifica pelo alto número da população negra no país que é maior do planeta (e primeira fora do continente africano), este ano é a ocasião para chamar atenção para as persistentes desigualdades que ainda afetam esta parte importante da população brasileira.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2009, 51,1% dos brasileiros se reconhecem como "pretos" ou "pardos". Significa que mais da metade de população brasileira tem descendência africana.
2011, Ano do afrodescendente
O ano Internacional do Afrodescendente foi declarado pelo Órgão das Nações Unidas. O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, explicou o objetivo da iniciativa. Segundo ele, o Ano Internacional tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.
Por ocasião do lançamento o secretário geral fez um apelo para que a comunidade internacional  se empenhe em garantir aos afrodescendentes direitos fundamentais como a saúde e a educação: “Vamos todos intensificar os nossos esforços para assegurar que os povos afrodescendentes possam gozar de todos os seus direitos”.
Ban lembrou ainda as metas de integração e promoção da equidade racial estabelecidas pelos países-membros da ONU na Conferência de Durban, em 2001.  O compromisso foi reiterado no ano passado, na Conferência de Revisão de Durban, realizada entre 20 e 24 de abril de 2009 em Genebra (Suíça).
A homenagem aos povos de origem africana foi uma iniciativa da Assembleia Geral da ONU, em reconhecimento da necessidade de se combater o racismo e as desigualdades econômicas e sociais.
Os afrodescendentes estão entre as comunidades "mais afetadas pelo racismo" e "enfrentam demasiadas vezes restrição de acesso a serviços básicos, como saúde e educação de qualidade”, afirmou o secretário geral da ONU.  "A comunidade internacional não pode aceitar que comunidades inteiras sejam marginalizadas por causa da sua cor de pele", afirmou.

Brasileiros fazem caminhada da Campanha da Fraternidade em Roma


Representantes dos Religiosos Brasileiros em Roma (RBR) e da Comunidade brasileira Nossa Senhora Aparecida realizaram, no domingo, 27, a tradicional caminhada da Campanha da Fraternidade pelas ruas de Roma.
O encontro teve inicio às 7h30 com a celebração Eucarística na Basílica Santa Maria Maggiore. Os religiosos expressaram sua sintonia com a Igreja no Brasil refletindo e rezando o tema da Campanha da Fraternidade 2011 “Fraternidade e a Vida no Planeta”.

A cor verde-amarela e as canções alegres atraiam a atenção dos turistas ao longo das ruas da cidade. O encontro terminou com a oração do Ângelus na Praça São Pedro onde os participantes receberam uma palavra de alento do papa Bento XVI.

Religiosas e religiosos de países como Itália, Alemanha, Filipinas e Áustria que realizaram experiência missionária no Brasil se juntaram ao grupo. A irmã Laura Cantoni, da congregação das Missionárias da Imaculada que trabalhou de 2000 a 2010 na periferia da cidade de Manaus e em uma equipe itinerante com os povos indígenas na região de Maués, no interior do Amazonas disse haver se “encontrado de novo no mundo brasileiro num momento de espiritualidade e fraternidade”.
A portuguesa irmã Maria da Conceição Ribeiro, conselheira geral da Congregação das Irmãs Dorotéias juntou-se ao grupo pela primeira vez e considerou a via sacra “muito original e significativa por ter conseguido fazer algo relacionado com a criação, a ecologia e as preocupações do cuidado da vida no planeta”. “Acho que os brasileiros são criativos e sensíveis a natureza e à vida da terra, até porque vivem em um país com problemas tão grandes relacionados à natureza e à criação”, acrescentou.

O superior Geral da Congregação dos Rogacionistas, padre Angelo Mezzari, também caminhou com o grupo. “É para mim uma alegria poder encontrar com os amigos religiosos do Brasil e sentir-se parte desta fraternidade. Ao mesmo tempo é uma oportunidade de sintonizar-se com a temática do cuidado com a terra, a vida e as criaturas. Não se trata só de uma temática da Campanha da Fraternidade do Brasil, mas de uma questão fundamental para a vida humana na terra”.

Bispos do Rio de Janeiro e São Paulo refletem a evangelização nas grandes cidades


bispos6895As arquidioceses do Rio de Janeiro e de São Paulo estão unidas em oração e em busca de estratégias comuns para a ação pastoral nas metrópoles. Nesta terça-feira, 29, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta e de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, juntamente com todos os bispos das capitais do Rio e São Paulo, estarão reunidos no Centro de Formação Sagrada Família, do Convento das Irmãs de Madre Paulina, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
O dia começa com orações, seguidas de reuniões e termina com a celebração da missa no túmulo de Madre Paulina. A iniciativa foi do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani, que propôs a dom Odilo reunir as duas arquidioceses para iniciar uma reflexão sobre as ações pastorais e as organizações necessárias para ação evangelizadora da Igreja nas grandes metrópoles. O arcebispo de São Paulo aceitou prontamente a sugestão.
Nas grandes metrópoles os maiores desafios estão relacionados com a complexidade social, cultural, econômica, emocional e espiritual das cidades. Por isso, juntos, os bispos do Rio de Janeiro e de São Paulo rezarão, debaterão e buscarão descobrir novas formas de presença da Igreja neste contexto.

Brasil repete sucesso e bate recorde na Hora do Planeta 2011



Em todas as regiões do país, governos, empresas, pessoas e organizações ajudaram a marcar um recorde de participação na edição de 2011 do movimento global. Agora, é preciso avançar para além da hora.

Com a participação de 20 capitais em um conjunto de 123 cidades, os estados do Acre e do Espírito Santo, além de mais de 1.948 empresas e organizações, a Hora do Planeta 2011 bateu um recorde de participação desde que o evento global é realizado no Brasil, há três anos. Em 2009, foram 113 cidades, e, em 2010, 98 cidades. Atrelado ao maior movimento global contra o aquecimento planetário, milhões de brasileiros puderam apagar as luzes de suas residências e conferir monumentos, prédios públicos, empresas e outras edificações sem iluminação por uma hora. Pode parecer pouco, mas o gesto chama para uma grande reflexão e ações sobre os desafios impostos pelas mudanças climáticas e questões ambientais em geral.

"A participação de pessoas, organizações e governos na Hora do Planeta é um gesto concreto em direção à sustentabilidade. Significa que todos estão preocupados e atentos ao aquecimento global e que queremos fazer a nossa parte pelo direito de nossos filhos e netos herdarem um planeta habitável", afirmou Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.

E como não podia deixar de ser, capitais e demais cidades brasileiras proporcionaram momentos emocionantes e de grande mobilização pública. 

 Hora de samba - Nos Arcos da Lapa (foto), um dos monumentos que teve as luzes apagadas durante a Hora do Planeta na cidade do Rio de Janeiro (RJ), cerca de 3,5 mil pessoas sambaram ao som das escolas de samba Mangueira, Portela, União da Ilha e Grande Rio. Afinal, pelo terceiro ano consecutivo, a capital carioca foi a sede oficial da Hora do Planeta no Brasil. Este ano, o movimento foi ainda mais especial, pois a população participou pela primeira vez de um evento público com muita música e alegria. Antes mesmo das luzes se apagarem, o músico Toni Garrido já animava a multidão no evento promovido pelo WWF-Brasil.  

Pontualmente às 20h30, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o Secretário de Conservação da Cidade do Rio de Janeiro, Carlos Osório, e o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, desligaram um "grande interruptor", cortando a iluminação do Cristo Redentor, da orla de Copacabana, do Arpoador, do Pão de Açúcar, da Igreja da Penha, do Castelinho da Fiocruz, do Monumento aos Pracinhas, do Jockey Clube e, é claro, dos Arcos da Lapa.  

A convite do WWF-Brasil, antes das luzes se apagarem, todos se uniram num emocionante minuto de silêncio em homenagem às vitimas das enchentes no Brasil no início do ano, que afetaram severamente o estado do Rio de Janeiro, e ao recente terremoto e tsunami no Japão. 

"Hoje, o Brasil está se juntando a mais de cem países no mundo para mostrar a necessidade de cuidar do planeta. A proteção do meio ambiente é vida e o povo brasileiro pode modificar a realidade atual de degradação. Depende de vocês e de todos nós", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.   

Capital federal - Em Brasília, o evento oficial aconteceu no Museu da República. De lá, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, desligaram um interruptor, simbolizando o apagar das luzes da cidade. O movimento desligou a iluminação da Esplanada dos Ministérios, assim como a de monumentos como o Palácio do Buriti e Anexo, Memorial JK, Teatro Nacional, Catedral, Museu do Índio, Complexo Cultural da República e Ponte JK. "Nossa cidade tem que ser o símbolo de sustentabilidade e tomar parte na luta pela defesa do clima, da preservação da água e das nossas riquezas naturais", ressaltou o governador. 

Já o Superintendente de Conservação do WWf-Brasil, Cláudio Maretti, fez questão de lembrar as recentes tragédias ambientais que o mundo vem presenciando,  como a que ocorreu no Brasil no início deste ano no Rio de Janeiro, matando milhares de pessoas. "As catástrofes estão aí para mostrar que não podemos mais continuar do jeito que estamos. Por isso nos reunimos hoje para lembrar que precisamos mudar nosso jeito de agir", disse. E de acordo com Maretti, Brasília precisa assumir o seu papel de "Capital do Cerrado".  "Além de preservar o seu patrimônio arquitetônico, a capital precisa assumir o compromisso com a conservação do Cerrado,  com a preservação das nascentes e implementar uma política de tratamento de resíduos sólidos, ainda mais porque a cidade será uma das sedes da Copa do Mundo", ressaltou. Após o apagar das luzes, houve uma apresentação de percussão do grupo Batukenjé, criado em 2006, na Finlândia.

Terra de Chico Mendes - Quatro cidades acreanas*, a capital Rio Branco, Xapuri, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira, apagaram luzes por uma hora neste sábado. Na capital aconteceram a maioria das atividades, como uma concentração em frente ao Palácio Rio Branco para acompanhar o apagar das luzes na sede do Governo Estadual e na Assembléia Legislativa. Em seguida, a população saiu em "bicicleata" até a ponte JK, onde a iluminação também foi apagada. A prefeitura de Rio Branco, o calçadão da Gameleira e a passarela Joaquim Macedo, além das casas de milhares de acreanos pelo estado também abraçaram a Hora do Planeta. Em Xapuri, além de prédios públicos, serão apagadas as luzes da casa onde viveu e foi assassinado o líder seringueiro Chico Mendes, um dos ícones do socioambientalismo brasileiro. 

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Edgard de Deus, a participação do Acre na Hora do Planeta reflete uma verdadeira preocupação do estado sobre as questões ambientais. "Não é uma questão de economizar energia, mas de refletirmos sobre o que estamos fazendo com o mundo", avalia. Elenira Mendes, filha de Chico Mendes, alegra-se pela referência à luta de seu pai em um movimento de escala mundial. "É de um simbolismo sem tamanho, uma coisa grandiosa. Meu pai, que foi uma das pessoas que mais levaram para o mundo o nome da Amazônia e a importância da floresta, estaria muito feliz se soubesse que nossa casa fará parte dessa mobilização", ressaltou.  

Estrelas em Juazeiro - Juazeiro do Norte (CE) participou apagando as luzes de seu monumento mais famoso: a estátua do Padre Cícero, fundador do município, que este ano completa cem anos de emancipação política. A estátua, construída em 1969 com 27 metros de altura, atrai milhões de religiosos e turistas todos os anos para a cidade, um dos maiores centros religiosos da América Latina. Enquanto o monumento esteve sem iluminação, a população foi convidada a observar o céu através de três telescópios. "O planeta Saturno e seus anéis, estrelas e nebulosas estiveram ao alcance da visão de todos", escreveu o responsável pela estação astronômica PieGise, Valmir Martins de Morais. Durante o evento, foram sorteados livros e DVDs sobre astronomia. A estação também organizou uma exposição de painéis com imagens captadas por telescópios e sondas espaciais.

Boi-bumbá, música e poesia - Pela terceira vez consecutiva, o Teatro Amazonas, um dos maiores ícones da cidade de Manaus (AM), apagou suas luzes por uma hora. Vários outros "símbolos manauaras" apagaram suas luzes manifestando adesão à campanha promovida pelo WWF, como a Praça da Saudade, o Amazonas Shopping e o prédio da Procuradoria da República do Amazonas. No centro da capital, produtores culturais declamaram poesias, leram contos e realizaram performances musicais. Conforme a produtora cultural Michelle Andrews disse que o objetivo da mobilização foi resgatar antigos hábitos amazonenses. "Como conversar à porta de casa, trocar idéias nas calçadas à luz de velas", disse.

No interior do Teatro Amazonas, a secretaria Estadual da Cultura organizou uma apresentação da Orquestra de Câmara do Amazonas e dos Bumbás de Parintins, Garantido e Caprichoso. Na Praça da Saudade, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente distribuiu material sobre as mudanças climáticas e mudas do Horto Municipal. O Amazonas Shopping apagou as luzes de sua fachada e de corredores. A TV AmazonSat desligou lâmpadas e aparelhos de ar condicionado, além de ter veiculado, na última semana, vídeos da campanha.

Momento pantaneiro - Na borda do Pantanal, um dos mais importantes biomas brasileiros, a capital Campo Grande (MS) participou pela terceira vez da Hora do Planeta apagando luzes de monumentos como o prédio histórico Morada dos Baís, a Central de Atendimento ao Cidadão e o Obelisco, e promovendo um evento público na Praça do Rádio, com apresentações de rodas de capoeira, da bateria de uma escola de samba e da Banda Municipal, com a praça municipal iluminada por tochas e fogueiras. Também foram desligadas as luzes do Horto Florestal, dos parques Jacques da Luz, Tarsila do Amaral, Belmar Fidalgo e Elias Gadia. 

De acordo a prefeitura de Campo Grande, a participação dos órgãos municipais é fundamental para despertar a consciência dos cidadãos campo-grandenses sobre os impactos do aquecimento global e suas conseqüências ao meio ambiente e à vida das pessoas.

Além da Hora - De forma inédita, a Hora do Planeta 2011 conclama cidadãos, governos, empresas e demais organizações do Brasil e de todo o mundo para manterem o movimento aceso e adotarem medidas concretas contra o aquecimento global e pela restauração e conservação dos ambientes naturais, pela economia de água, de energia e recursos naturais em geral, contra o desmatamento, pelo reforço da legislação ambiental e pelo combate à pobreza com sustentabilidade. 

Logo, o WWF-Brasil incentiva todos os participantes da Hora do Planeta a se comprometerem com a conservação da natureza e a desenvolverem projetos que visem sua sustentabilidade ambiental no longo prazo. São ações, por exemplo, que promovam o uso de meios de transporte menos poluentes e a coleta de lixo seletiva, a criação de unidades de conservação, a proteção das nascentes de água e o cumprimento da legislação ambiental são exemplos do que pode ser feito. Você pode obter mais dicas em www.beyondthehour.org/?lang=pt

E no hotsite www.horadoplaneta.org.br é possível conferir histórias da Hora do Planeta, além de "baixar" materiais como banners, filmes, cartazes, imagens, papéis de parede, protetores de tela e twibbons para Twitter e Facebook. 

A Hora do Planeta no Brasil teve o patrocínio da Coca Cola Brasil, TIM, Banco do Brasil, Rossi e HSBC e apoio institucional da Frente Nacional de Prefeitos e Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.

Eles participaram da Hora do Planeta nos Arcos da Lapa (RJ)

Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de conservação do WWF-Brasil:"Eu não gostaria de viver em um mundo sem natureza, sem água limpa, sem árvores... Por isso, convidamos vocês a repensarem seus atos e se juntarem a nós na busca por um mundo com mais natureza". 

Sérgio Besserman, conselheiro do WWF-Brasil: "A Hora do Planeta é um momento mágico que reúne duas das dimensões mais fundamentais da civilização contemporânea: as mudanças climáticas e a conexão global por liberdade". 

Robson Rocha, vice-presidente de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil: "Às vezes esquecemos de cuidar da nossa casa e somos chamados a refletir sobre isso. Esse é um momento de refletir e fazer certo para deixar um Brasil melhor para nossos filhos e netos"

João Domenech Oneto, diretor de Comunicação Corporativa da Coca-Cola Brasil: "A Hora do Planeta é um ato simbólico e que enfatiza a necessidade do agir de cada um no dia a dia. A Coca-Cola fica muito satisfeita de participar desse evento" 

Maurício Bacellar, Comunicação e Sustentabilidade da TIM: "Ver essa multidão participante da Hora do Planeta faz todo o esforço de mobilização que o WWF-Brasil, a TIM e os outros patrocinadores fazem valer à pena. Preservar nosso maior patrimônio, que é a Terra, depende de mobilização e é isso que a Hora do Planeta faz"

Carlos Minc, Secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro: "O Brasil já deu grandes exemplos de que pode fazer muito por um planeta melhor com a redução do desmatamento e outras ações. Agora todos devem fazer sua parte reciclando, andando de bicicleta, apagando as luzes e apagando o desperdício"

Toni Garrido, músico e ator: "É muito legal participar dessa luta para fazer com que o meio ambiente salve nossas vidas. Não se enganem: sem o meio ambiente, nós não sobreviveremos"

Cristiane Noronha, coordenadora educacional, que foi ao Arco da Lapa para participar da Hora do Planeta: "O evento está muito bonito e emocionante. Trabalho com educação em Minas Gerais e com certeza vou levar essa mensagem da Hora do Planeta aos meus alunos. 

Nilo Sérgio, mestre de bateria da Portela: "Para a Portela é uma grande honra participar da Hora do Planeta e ajudar o Brasil a ter consciência que o planeta precisa de ajuda. Lá em Madureira (bairro onde fica a sede da escola) está tudo apagado, inclusive o shopping Madureira". 

Leila da Lapa, feirante da Feira Noturna da Lapa Legal : "Para gente é muito legal poder fazer a nossa parte. A Lapa ficou muito legal assim e é bom que as pessoas mais novas já começam a pensar que tem que cuidar do planeta".

Paróquia São José de Bezerros - Festa de São José 2011

Geovane e o Mons.Geraldo 



Pe.Luiz Antônio, Mons.Geraldo, Pe.Osvaldo e os coroinhas.



segunda-feira, 28 de março de 2011

Celibato


Aquilo que Deus pede de nós se torna uma língua estrangeira se estamos embriagados.
Por que tomei este versículo? Por que é justamente este o problema do celibato na Igreja. Muitos falam de crise de vocações e dizem: a falta de vocações é um problema, por que a Igreja de Roma, o bispo de Roma, que é um usurpador dos direitos das dioceses, das Igrejas Particulares, ele quer impor a todos o celibato. Existem alguns padres no Brasil, e não estou dizendo uma teoria, estou denunciando uma realidade da Igreja do Brasil – que dizem assim: Se o Papa quer o celibato, que ele viva! Nós não queremos! Queremos a liberdade do celibato, e já que o Papa não libera o celibato, nós vamos liberar na prática. O Papa é um velho de 80 anos, mas nós somos jovens, queremos viver o amor livre. Isto já é um movimento dentro da Igreja do Brasil. Não pensem bondosamente que esta mentalidade é uma luta pelo padre casado. O casamento supõe castidade cristã, supõe fidelidade, e isto também é complicado. Achamos que castidade é difícil só para quem é celibatário. Não, castidade é desafio para todos, também para quem é casado. Muitos jovens me dizem: Não sei como você agüenta o celibato, e eu respondo: Não sei como você agüenta a castidade no casamento, pois ela é dura e difícil. Existe um movimento ideológico, sem nome, sem partido, sem registro no cartório, mas está aí este movimento que quer acabar com o celibato na prática. E digo isto sem medo de errar, e para abrir os olhos de muitos de vocês. Esta realidade é a fumaça do demônio dentro da Igreja Católica do Brasil. E então se diz: Faltam padres por causa do celibato, por causa desta cruz pesada que o Bispo de Roma impõe aos padres do ocidente.
O que falta não são vocações, o que falta é fé. A crise na Igreja Católica, de modo especialíssimo, a crise da Igreja Católica no Brasil, é uma crise de fé. As pessoas não acreditam mais. Por que crise de fé? Preciso dizer bem claro: por que o celibato é um carisma e fica muito difícil entender um carisma se não tenho fé. Por exemplo, é difícil acreditar que o dom de línguas é um dom de Deus se você não tem fé. Torna-se um negócio ridículo pura e simplesmente. Se Deus não age, se não é ação de Deus, como é que algo vai ser carisma, como é que vamos acreditar no dom de cura, nos milagres, no dom de profecia, no dom de palavra de Sabedoria. Como vamos acreditar em um carisma se não temos fé? A mesma coisa acontece com o celibato. O que falta é a fé!
É na falta de fé que está a raiz do problema. Que falta de fé é esta? Fé em quê? Fé em acreditar que a proposta do Evangelho é caminho de felicidade!
Bismarck, famoso ditador da Alemanha, dizia que uma mentira dita um milhão de vezes, torna-se verdade. É assim na cabeça do povo, especialmente do povo brasileiro. A mentira dita um milhão de vezes é a seguinte: Ninguém é feliz sem sexo! Portanto, o sexo tornou-se um valor absoluto, ele traz a felicidade, em si mesmo! Em palavras mais claras: o sexo tornou-se Deus. Pois, uma coisa que em si mesma traz a felicidade é Deus, não é? Na realidade, muitos têm um outro Deus, um Deus que não é Deus – o Deus do sexo. É necessário que voltemos à fé do evangelho, que acreditemos realmente naquilo que o Senhor nos propõe – a castidade cristã, o celibato.
Como vamos chegar a isto? Apontamos até agora o problema, precisamos então resolvê-lo. Este problema precisa ser resolvido primeiro dentro da gente, para que possamos também pregar isto. Um padre que não acredita na felicidade do seu celibato, será um padre que não empolga ninguém. Ninguém se empolgará com um padre cabisbaixo, entristecido – Infelizmente não tenho mulher, fazer o quê!. Onde é que está a felicidade, a beleza do celibato?
Num primeiro momento, precisamos ver a beleza da sexualidade humana. O nosso tempo perdeu a noção de beleza da sexualidade. Não temos mais noção da beleza, pois o belo é algo gratuito, é inútil. Nós, por outro lado, estamos em uma sociedade onde o que vale é o que é útil, então, claro, o que é belo não tem utilidade. Fizemos uma reforma no seminário de Cuiabá, construímos uma capela bonita. Quantos padres entraram lá e disseram: Pra quê você gastou tudo isso? Por que realmente é inútil, o belo é inútil, e por isso, está desaparecendo! Ninguém se preocupa com o belo.
Se há alguma preocupação, é pelo seu próprio belo, numa visão narcisita – Eu preciso ser bonito. Produzir a mim mesmo.
Existe uma beleza em ser como Jesus e ser e sonhar como Jesus é. Existe uma beleza na sexualidade que Deus nos deu. Se queremos a beleza de ser como Jesus, precisamos entender primeiro a beleza da sexualidade humana. A sexualidade humana é uma obra de arte, uma maravilha.
E este é o primeiro passo que precisamos dar como celibatários ou futuro celibatários:
1º – Eu preciso arrancar o sexo das mãos do demônio e colocá-lo nas mãos de Deus 
Pois, de tanto ver o sexo negativamente, muitas vezes, vemos o sexo como coisa do demônio. É como se Deus tivesse criado o homem assexuado e o demônio foi e criou o sexo. Mas o sexo é criação de Deus, portanto, é uma beleza. Como padres celibatários, precisamos saber cantar a beleza da sexualidade humana: o sexo é bonito, é maravilhoso, é um presente de Deus. Que, infelizmente, como tudo o que faz o demônio invejoso, ele pega o que é de Deus e perverte. O sexo foi feito para ser vivido no amor de total doação de um homem por uma mulher e de uma mulher por um homem, para que os dois dêem origem à vida. Meu próprio corpo fala isso. O corpo humano é um sacramento que me indica. O sexo fala de mim, da minha pessoa. O sexo fala de onde eu venho e para onde eu vou. De onde eu venho? De uma doação mútua de um homem e de uma mulher. Eu mesmo sou um presente. Um presente que foi me dado por Deus. Que eu mesmo recebo, eu me recebo como presente de Deus. A sexualidade humana me fala deste dom gratuito, aleatório, parece louco, caótico, mas não é um mero acaso, é a vontade divina. A união de um homem e de uma mulher me fez puro dom e presente de Deus. O sexo fala da minha origem: eu não me mereci, não me planejei, nem meus pais me planejaram, eles nos receberam. O meu corpo não só fala da minha origem mas fala para onde vou? Qual é o meu destino. Meu corpo fala-me que nasci para amar. É aqui que vem outra verdade importante: é necessário que saibamos que fomos feitos para ter uma relação sexual com uma mulher. Parece bobagem dizer isto, mas muitos não se dão conta disso. Muitos pensam que celibato é solteirice, ou seja, sou solteiro para o resto da vida. Mas o celibatário não é um solteiro. Um solteiro é alguém que aguarda o encontro da pessoa para a qual ele vai se doar, no amor do matrimônio. O celibatário é outra coisa.
É importante que saibamos que cada célula de nosso corpo, tudo aquilo que somos, o nosso corpo nos diz que fomos feitos para nos entregarmos a uma mulher. Só este pequeno capítulo aqui é uma cura interior, que deve ser muito bem trabalhado, em oração de cura interior, para aqueles que, possivelmente, não aqui, na lua, para aqueles que tenham alguma tendência homossexual, mas não aqui, na lua – aqui não tem ninguém. O fato de termos nascido para nos entregar a uma mulher é uma verdade de Deus, esta é a verdade a meu respeito. Não existe esta mentira de que é questão de opção sexual – Ah não, eu opto! Como posso escolher entre o sorvete de morango ou de chocolate, eu opto entre ter sexo com um homem ou uma mulher! Esta é uma mentira que qualquer manual de biologia da oitava série pode desmentir. Por que você estuda aparelho reprodutor em um capítulo e aquilo significa reprodução. E não adianta fazer raciocínios mil – a verdade de Deus é esta! É a verdade escrita por Deus em nosso corpo. O meu corpo fala de mim. Se Deus quer de mim o celibato, aqui se supõe um carisma, uma graça. É por isso que ninguém acredita no celibato. Por que? Por que se não houver intervenção de Deus, não tem sentido. E agora eu pergunto: esta sociedade que está aí fora e até mesmo muitos padres, acreditam que Deus age em nossas vidas? Estou convidando vocês para que entrem em uma visão de mundo diferente. Apaga da sua cabeça o que você recebeu de errado de uma sociedade pagã e ponha agora a verdade cristã em sua cabeça e em seu coração. A verdade cristã é a seguinte: Deus age, Deus está presente em nossa história, Deus intervém, não necessariamente milagrosamente, mas intervém sobrenaturalmente sempre. Tomamos café da manhã, agradecemos a Deus pela comida, mas, não aconteceu nenhum milagre. Deus não proviu miraculosamente o alimento.
Nesta realidade perfeitamente natural, você enxerga uma intervenção divina, por que você tem fé. Quem não tem fé, come de qualquer jeito. É maravilhoso enxergar a ação de Deus nas coisas mais corriqueiras e banais. Temos que agradecer a Deus por tudo aquilo que nos dá e também por aquilo que ele nos nega. Quando diz não é por que ama você. Agradeça a Deus também por aquilo que ele nunca te deu. Temos que entrar em uma outra visão do mundo, ver Deus que está ao nosso lado Emanuel – Deus conosco – este é o mistério que celebramos no Natal. Deus está conosco, caminha junto conosco. Não é o grande arquiteto que criou o mundo e largou-o. Se você existe agora, é porque Deus está sustentando você no ser. Se ele tira a mão, você cai no nada. O próprio fato de você existir é plena atestação e testemunho da fidelidade de Deus. Não somos seres autônomos, somos seres recebidos. Deus sustenta o mundo no ser. E isto é importantíssimo em nossa espiritualidade – ele intervém em cada momento, em cada segundo para que você exista. É intervenção divina. Aquilo que nós chamamos de lei da natureza na teologia chamamos de fidelidade de Deus. Lei da natureza: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Lei da teologia: uma vez criado, Deus não volta atrás, ele não se arrepende, pois ele é fiel. O celibato é intervenção divina. Por isso, é muito claro e evidente que em uma sociedade e em uma Igreja em crise, onde as pessoas já não acreditam mais, é óbvio que o celibato não faz sentido. Claro, eles olham a natureza das coisas, o homem foi feito para a mulher e vice-versa, e pronto. E ficam nessa realidade, na realidade puramente física, não olhando na realidade da intervenção de Deus. O trecho de Isaías que eu citava no início, expressa a realidade de muitos padres que na hora da visão, têm as vistas cansadas, não enxergam as coisas como Deus as enxerga e como a Igreja nos ensina. Por isso o primeiro passo deve ser um ato de fé.
2º – O celibato é um carisma, intervenção de Deus.Então, o celibatário não é alguém que abomina o sexo, mas alguém que ao celebrar o sexo e perceber que o sexo é algo tão maravilhoso e tão bonito, é capaz de entregá-lo para Deus. Entregar a sexualidade bela para Deus. E como vamos entregar? Isto é carisma, é dom de Deus. Pois é ele que nos dá a capacidade de amar. Se existe alguém que ama na face da terra é por que o Espírito Santo nos deu este presente.
3º – Eu sou um dom recebido, feito para ser doado. 
Isto quer dizer que somos filhos. O filho é aquele que se recebe. Eu não me fiz. Não sou um cogumelo que brota na grama sem pai nem mãe. Me recebi como dom e como presente. Desta verdade tenho a lei fundamental de capacitação para a castidade cristã e para o celibato. A lei fundamental é a seguinte: só é celibatário quem sabe que é amado e sabe que é capaz de amar. Temos então dois grandes entraves, dois grandes problemas em nossos seminários – muitas vezes por um ou por outro problema, ou pelos dois problemas, o seminarista não é capaz de amar, não é celibatário. O seminarista não se ama, não enxerga que recebeu amor e então, não é capaz de amar. O que é o amor? É a doação de si! Ou seja, eu sei que alguém se entregou por mim, eu sei que alguém me amou, sei que sou amado. Dizer que somos amados significa que alguém se entregou por mim, alguém se destruiu para que eu fosse. Alguém entregou algo de si ou todo o seu ser para que eu fosse. E a grande verdade é esta: nós somos amados primeiramente, especialmente, por Deus! Deus se entregou por mim, portanto, se não há esta verdade em minha vida, eu não serei celibatário. Um padre frustrado, que não se sente amado, pode ser casto como um anjo, mas isto não é verdadeira castidade. Pode ser puro, sem sexo, mas não é celibatário. A cadeira na qual vocês estão sentados, também é pura e sem sexo, mas não é celibatária. Por que? Por que ela não sabe que é amada! O celibato é uma realidade de amor: Eu sou amado e por isso também amo! Que coisa extraordinária que eu exista! Que coisa extraordinária que Deus tenha me escolhido, que eu tenha nascido! E quanto menos dotado, bonito, inteligente você for, mais está clara a predileção de Deus!
Um testemunho: eu antigamente, me odiava, não gostava de mim mesmo! Desde os 12 anos de idade, pus na cabeça que queria ser padre. Já pensava isto antes, mas só aos doze anos as coisas se definiram. A coisa para mim estava certa. Tive mudanças quanto a conversão, o que é diferente. Vocação não significa necessariamente conversão. Tem muito padre que necessita de conversão. Eu não gostava de mim mesmo! Sempre fui assim: 1,84, magro, como sou hoje! Imagine só: com quinze anos de idade já tinha esta altura! Era muito magro, mais magro do que sou hoje! Quando fui para Roma, engordei quase 20 quilos. Imagine como eu era magro! Pois bem, eu andava sempre de social, camisa de manga comprida, alguém me perguntava: por que você anda assim? Eu vou ser padre!
Então eu já era padrequinho desde os 12 anos de idade. Desculpava-me dizendo: pudor eclesiástico, compostura eclesiástica. Que nada, eu tinha era vergonha do meu corpo. Usava manga comprida por que achava meu braço horroroso, magrelo. Depois veio a adolescência, começou a ficar cabeludo, parecia que eu era o elo perdido entre o homem e o macaco. Um palito seco e cabeludo – que coisa linda! Na casa de meus pais tinha piscina, mas era preciso pagar um alto salário para eu entrar na piscina: Eu não entro na piscina, vou ser padre! Que nada, eu tinha era vergonha de tirar a camisa. Tinha vergonha de aparecer sem camisa. Depois começou o cabelo a cair, esta testa avantajada, sinal de grande inteligência. Fui dotado também de orelhas discretas, dentes charmosos, além de ter este tórax imenso, de nadador da seleção brasileira. Era uma tragédia. Eu definitivamente não me amava. Então, o que é que eu fiz: mergulhei nos estudos. Pelos menos no que dizia respeito a roupa bonita e notas, ninguém poderia dizer que eu era feio. Tinha nota boa, era elegante. Tudo bem! Eu me amava assim! Até que finalmente, Deus é Deus, e ele foi mostrando o seu amor por mim. O que me levou a ver o amor de Deus: um pensamento muito simples. Gostava muito de matemática, e comecei a calcular a probabilidade de nascer um outro filho de meu pai e de minha mãe que fosse muito mais bonito do que eu. E esta probabilidade não era muito distante. Minhas irmãs são as duas muito bonitas, de feioso na família só saí eu.
Quem as conhece, logo pergunta – São suas irmãs? Olha para mim, olha para elas e diz: Não acredito! Eu pensei – quantos homens mais bonitos do que eu poderiam ter nascido do meu pai e de minha mãe. Chutando por baixo, 1 bilhão! Pois bem, imagine um exército imenso, os mais bonitos na frente, Deus se reúne e escolhe a mim. E Deus diz: O feioso e orelhudo ali no fundo! Quem, eu? É você! Você que irá nascer! Os outros mais bonitos, hábeis, inteligentes, não irão nascer, pois foi a mim que ele amou, ele me quis. E foi isto que me salvou! Hoje tiro a camisa, faço festa, e não há problemas! Não tenho mais complexo com relação ao meu corpo. Podemos pensar outras dez mil coisas, mas é importantíssimo que você saiba que Deus amou você se quer realmente ser celibatário. Se receba como presente – Ele me quis!
Como é que eu sei que posso amar? Aqui, temos o dom, a graça, o privilégio do Espírito Santo. É um dom infinito de Deus quando um homem aprende a amar. Só as pessoas humanas amam. Amar quer dizer renunciar para que o outro seja feliz! E existe aqui o fundamento da nossa liberdade: “O homem é livre na medida em que não depende de nada, e de ninguém, mas apenas daquilo que ama!” (Amedeo Cencini).
A conseqüência lógica é ao contrário: O homem é escravo quando depende daquilo que não pode e não deve amar! Ou porque aquilo não é digno de ser amado, ou porque a sua identidade não está ali. Eu nasci para amar alguém. E quando começo a amar coisas que eu não deveria amar, perco a minha liberdade, a minha identidade. Esta definição de liberdade é de uma verdade psicológica, teológica, filosófica, espiritual, que merece o prêmio Nobel de filosofia, se existisse. Se você é livre é porque você não depende de nada, nem de ninguém, a não ser daquilo que você ama. Eu amo a Deus. Se você ama a Deus, ou você está aprendendo amar Deus, ou você deseja amar Deus, pois bem, dependa só dele, não dependa de mais nada. Seja livre! É neste ponto que se revela diante de nossos olhos a maravilha do celibato.
O celibato não é uma lei, como diz Isaías: lei mais lei. O celibato não é questão de lei, é liberdade. É a liberdade que a Igreja concede aos padres. Liberdade maravilhosa, de só depender daquele que eu amo, e de mais ninguém. Se você nasceu para amar uma mulher e para se entregar a ela, por que esta é a vocação de Deus, e este é o carisma do matrimônio, que Deus te dá, então você casa, se entrega àquela mulher, e fazendo isto você está também amando a Deus, pois está obedecendo a ele. Mas nós padres somos chamados a ser livres totalmente, e isto quer dizer amar somente a Deus e ser livre com relação a tudo o mais. É o espaço da liberdade que se abre diante de nossos olhos. Porém, temos que lembrar que este celibato é humano. Você é capaz de amar. Vemos que somos capazes de amar por que isto nos atrai, por que vemos esta capacidade dentro da gente. Que maravilha poder amar, poder me doar, me derramar de amor! Este é um dom extraordinário de Deus.
Precisamos agora, depois de ter colocado fundamentos teológicos e psicológicos para o celibato, passar para a parte prática. É preciso que tudo isto se transforme em vida.
Não existe muita mágica, mas existe vida! Não é mágica ser celibatário. Existe uma realidade importante: nós não inventamos o celibato. Você não precisa experimentar tudo para o celibato dar certo. Existe uma tradição bonita e antiga dentro da Igreja que nos ensina a ser celibatários. Uma das coisas maravilhosas do Concílio Vaticano II e da Renovação Carismática é o retornar às fontes, às origens, nos padres da Igreja. Nada é mais em sintonia com a Renovação Carismática do que cultivar uma espiritualidade dos Padres da Igreja.
Uma dica: a Renovação Carismática tem no mundo duas correntes teológicas: a corrente americana, que é a original, e que a meu ver não é a melhor. A sociedade americana é muito embebida pela mentalidade evangélica, protestante. Eles pensam muito como os protestantes. Infelizmente são estes os livros mais traduzidos, lidos, decorados, aqui no Brasil. Mas existe uma outra corrente teológica na Renovação Carismática que é a Européia, de grandes nomes, infelizmente não muito conhecidos no Brasil, o mais conhecido de todos no Brasil é o Padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, que por acaso é patrólogo. E vocês conheceram o ano passado mais um: Daniel Ange. Se você lê os livros dele, verá que é Padre da Igreja do início ao fim. Ele é embebido em Patrologia. Em espiritualidade da Igreja antiga. E isto é muito conforme ao espírito fundacional da Renovação Carismática, pois a Renovação quer ser um renovar da Igreja através de suas fontes, de suas origens. Só que a Igreja em suas fontes, não era protestante, era católica. Tinha santos Padres, teólogos, autores espirituais importantíssimos. Existem muitos patrólogos famosos que são da Renovação Carismática. Se fôssemos um pouco mais estudiosos teríamos acesso a estes grandes teólogos. É muito mais fácil ler um livrinho aí com versículos bíblicos um atrás do outro. Tá bom! Se vamos na solidez da tradição católica, alcançamos muito mais. A Renovação nasceu nos Estados Unidos mas se solidificou na Igreja Católica por causa do esforço destes teólogos europeus.
Nós não estamos inventando o celibato, já existe uma tradição da Igreja, temos de olhar para os Padres da Igreja, que nos ensinam a viver o celibato! Temos de olhar para uma tradição de 2000 anos. Não para uma tradição de 30 anos. Se não olharmos para a tradição do como se vive o celibato, estamos arriscando a dar com a cabeça na parede o tempo todo! Não podemos inventar o celibato, temos de recebê-lo da tradição.
O celibato está ligado ao amor, está ligado à nossa capacidade de desejar, de desejo. E aí vem o grande problema para nós, geração dos anos 90, a now generation, geração do agora, tudo tem que ser agora. Esta geração precisa ser curada em sua capacidade de desejar. Por que esta é uma lei psicológica: se você faz tudo o que você deseja, você mata a sua capacidade de desejar. Se toda vez que você sente vontade de fazer sexo, você faz, a sua vontade de desejar vai morrendo, então precisamos purificar a nossa capacidade de desejar. Ela está embotada, amarrada, embaçada, não está enxergando as coisas, portanto, não deseja as coisas. É por isso que somos gente deprimida, tão para baixo, jovem que tem tudo para ser energia, para ser vida, é todo desanimado. Existem os momentos de euforia provocados por sexo, drogas, álcool, rock, em que se faz tudo o que se deseja e depois que fez tudo o que deseja, vem aquele longo momento de depressão, fica-se a semana deprimido, esperando o sábado à noite, injeta-se droga, bebe álcool, euforia novamente, depressão novamente… A sua capacidade de desejar vai morrendo. Quando mais sexo você faz, menos você é um homem capaz de desejar, menos será capaz de amar. Aqui é que está a dificuldade que temos de amar. Por isso é necessário a mortificação, renúncia, ascese.
1º – O que é ascese? Vem do grego askeo, quer dizer exercício, exercitar-se. Precisamos renunciar, abster-se. Não podemos dar tudo que nosso corpo quer. Quando vemos na tradição da Igreja que se ensina aos padres, aos seminaristas, que é necessário renúncia, ascese, não estamos falando de coisa do passado, estamos falando de algo que nos ressuscita, que ressuscita a nossa capacidade de amar. Se masturbe trezentas vezes seguidas e veja o que sobrou de sua capacidade de amar. A masturbação mata a nossa capacidade de amar. A pornografia mata a nossa capacidade de amar. E como vamos nos livrar da pornografia, da masturbação e de tudo aquilo que mata a nossa capacidade de amar? Através de uma vida ascética. É necessário começar a negar ao seu corpo o que ele deseja. Se você mora em algum seminário em que o reitor já ensinou você a ser asceta, a fazer jejum, abstinência, levante os braços para o céu e agradeça a Deus, pois a maior parte dos seminaristas nunca ouviu isto. E se por acaso ouviram, ouviram de uma forma que não atrai e que não explica o por que. Ascese é ressurreição. O jejum é ressurreição. É maravilhoso por que ressuscita a minha capacidade de amar.
Os Padres da Igreja nos ensinam. Só existe celibato com ascese – esta é uma verdade de nossos dois mil anos de Igreja. Precisamos reaprender isto por que principalmente nós, da geração do agora, por que tudo que queremos é para agora, tudo deve ser feito, principalmente nós precisamos da ascese. Aqui vem um problema: se você faz ascese hoje é uma coisa. Você precisa adotar um estilo de vida ascético. Você não está querendo ser casto hoje, você está querendo ser celibatário o resto da vida. Como diz Jesus: Se você vai entrar na batalha, calcula o teu exército. Você vai enfrentar uma batalha e o cara que vem tem 20.000 homens, então, trate de arranjar o teu exército. Esta história não dá certo se você não tiver um estilo de vida ascética. A teologia da libertação anda dizendo por aí o seguinte: o padre tem que ser como o povo, fazer o que o povo faz, andar onde o povo anda, chinelo de dedo – festa, chopp, noitadas, dança. Se você for igual ao povo você vai terminar igual ao povo.
O povo não é celibatário meu irmão! Você tem que, como padre, viver uma vida de padre. E não estou dizendo isto por que quero clericalizar o padre, estou dizendo que é preciso viver como padre e a sua vida deve ser diferente da vida do povo, por que fazendo tudo o que todo mundo faz e ainda querer ser celibatário é patético. Isto não existe, é contraditório. Você deve ser um asceta. Uma grande crítica que nossos irmãos do oriente nos fazem – o patriarca Bartolomeu I, patriarca de Constantinopla disse: Uma das reclamações que o Oriente Cristão tem para com o Ocidente Cristão é a seguinte: os celibatários no Oriente tem que viver um tipo de vida ascética que não é exatamente de um monge como se entende no ocidente, mas que chamamos de ascese monástica, por que se o padre se propôs a ser celibatários, não pode viver como todos os demais. Se queremos viver o carisma do celibato, temos de agir, e este agir é uma vida ascética. Portanto, não é de admirar que no Brasil se veja tantos padres que já não vivem mais o celibato, ou vivem cambaleando.
E aí, vemos estes fenômenos maravilhosos: o fulano depois de 8 meses de ordenado, já está apaixonado, se junta e deixa o ministério. Tudo isto vem desta ideologia perversa: O padre tem que ser igual ao povo! Transformaram o que diz a Carta aos Hebreus, o sacerdote é retirado do meio do povo, em o padre tem que ser igual ao povo! O padre não pode ser igual, tem que viver uma vida ascética. Jejum é para nós, é para todo mundo, mas especialmente para nós. Abstinência de carne é especialmente para nós. Controle da nossa visão. Os seminaristas de Cuiabá sabem como eu sou claro: televisão não é coisa para nós! Lá só assistimos o jornal. E isto infelizmente, por que, se eu tivesse acesso ao coração dos outros, seria diferente. Não vou impor nada aos seminaristas, mas se pudesse, cortaria esta bobagem de filme – ah, o filme da semana, vamos lá, é cultura! Você vai lá, começa com cultura e termina na cama e aquelas imagens ficam gravadas para o resto da vida em sua cabeça. É tudo muito cultural! Não podemos ficar por fora não! Televisão não é para nós. É claro que existem filmes bons! É preciso saber escolhê-los! Não podemos ficar olhando qualquer coisa, assistindo qualquer coisa! Isto não é um cavalo de batalha! Ah isto é bobagem, ideologia do Padre Jonas, da Canção Nova! Nós de forma especial, não podemos! Ah mas a menina não aparece nua! É pior do que nua, por que a imaginação voa!
Precisamos viver uma vida ascética, ela nos ressuscita. Tudo aquilo que é cruz traz ressurreição. Isto é muito prático. Não é coisa de padre celibatário ficar por aí em festa, altas horas da noite, em ambientes onde a coisa é explicitamente lasciva. Você não está fazendo sexo com ninguém, mas fica a cervejinha rodando, aquela conversinha besta, a menininha lá na tua frente. Se você não vai comer não manuseie o cardápio. Precisamos ter uma vida reservada, não por que somos melhores do que os outros, mas por que estamos nos propondo uma vida diferente da dos outros. Precisamos de ascese. Não tenham medo de vigília, de fazer penitência, de acordar de madrugada, de fazer caminhada, não tenham medo de deixar de comer doces, não tenham medo de fazer todo tipo de ascese que pensarem, imaginarem e que não prejudique a saúde de vocês. Mas cuidado, pois isto também pode ser uma mentira do demônio – ah, se você fizer isto, vai prejudicar sua saúde! Eu, desde a quaresma do ano passado, decidi que não quero mais comer carne! Estou aqui inteiro e vivo, e ainda engordei cinco quilos. É claro que não devemos exagerar. Precisamos limpar a nossa capacidade de desejar. Agora, limpada a nossa capacidade de desejar, temos que começar a desejar as coisas certas.
2º – Quem o padre diocesano deve amar?
O padre diocesano tem uma realidade muito concreta que é o tripé do seu celibato:
1) O amor a Deus através da vida de oração – a oração é como uma hemodiálise, precisamos rezar, uma oração onde muito mais que falar, precisamos ouvir a palavra de Deus – Lectio Divina; a Igreja coloca em nossas mãos um instrumento abençoado chamado Liturgia das Horas – a oração, quando é distribuída durante o dia, em horários precisos, tem o seu papel a cumprir; o padre tem que realmente amar a Deus naquilo que ele faz e a desgraça das desgraças é que os padres, quando celebram os sacramentos esquecem que eles tem que rezar; quando o padre vira um leitor de missal, tudo está acabado; quando celebramos os sacramentos, este ato é oração para nós também, portanto, que seja bem celebrado, externando o amor a Deus;
2) A caridade pastoral, o amor ao povo de Deus. É preciso amar o que fazemos, amar as pessoas, apiedar-se do povo, ter compaixão do povo, amar o povo. Que coisa horrorosa, onde é que arranjaram tanto padre mal humorado para maltratar o povo? Precisamos amar as pessoas que nós atendemos, com o coração de Cristo. Por que não são capazes de amar? Por que sua capacidade de amar está embotada. Não fazem ascese, não rezam, então a capacidade de amar desaparece. É verdade que todo o amor é também crucifixão. Você precisa, porém, sacrificar-se pelo povo. Saber dar a sua dose de sacrifício pelo povo: amá-los, dar atenção, carinho. Saiba dizer um não com um sorriso nos lábios. Saiba dizer um não com atenção, explicando as razões e não um não com um chute no traseiro. Depois nos admiramos quando as Igrejas evangélicas ficam lotadas. Os que mais falam do povo, são os que menos amam o povo.
E ainda por cima, enfatizamos muito o dízimo. Por que as pessoas não pagam o dízimo? Por que as pessoas só dão dinheiro quando vêem serviço. Se o padre não as serve, as pessoas não pagam. Esta é uma lei básica do consumidor. Muitos reclamam: o povo não paga o dízimo, mas vive mandando dinheiro para a Canção Nova! Por que? Por que eles ligam a televisão e se sentem servidos. Eles recebem alguma coisa. Ir à Igreja para ver um padre mal humorado que só sabe reclamar da vida e ainda pagar o dízimo? Pode esquecer! Amar o povo, pois esta é a nossa salvação! A salvação do pastor é ser pastor, é amar as ovelhas! Nos santificamos no amor pastoral.
3) A fraternidade presbiteral. Por que é que os padres não se sentem irmãos? Isto faz parte do ser do sacerdote. Eu não sei em que período da história da Igreja o diabo inventou a mentira maldita de que padre diocesano não pode viver em comunidade. Esta é uma mentira maldita! Esta história de clero diocesano morando sozinho é sinônimo de perigo para a nossa conversão e para o nosso celibato. Admiro profundamente os padres que vivem isto e vivem de modo equilibrado mas, nós não podemos exigir este heroísmo e esta capacidade de todos. Mas, voltando a pergunta: Por que é que os padres não se sentem irmãos? Ninguém é irmão, ninguém se sente irmão se não tem pai. A gente só se sente irmão quando tem um pai comum. Se você tem um pai que congrega os irmãos, você se sente irmão. Nas famílias em que morre o pai e a mãe, os irmãos se dispersam. Vejo em minha casa, vou sempre lá nos finais de semana, mas nunca vou na casa das minhas irmãs. Nós sempre nos reunimos como irmãos ao redor dos pais. Agora, os bispos têm complexo de autoridade e não querem ser pais. Não querem amar os seus padres.
Os bispos precisam amar os seus padres: amar dizendo não, amar dizendo sim. Amar consolando, amar corrigindo. Ser pai de verdade. A orfandade começou dentro da Igreja para os padres quando se começou a reunir padres sem um pai. Os religiosos funcionam se souberem se inserir, enquanto padres, na diocese, e ter o bispo como pai. Eles não tem, enquanto religiosos, um pai próprio, o pai deles é o bispo diocesano. O que eles tem é o irmão de turno que é eleito para assumir a função de direção – o provincial. Pai não se elege, pai a gente recebe. Nós precisamos ser irmãos ao redor de um pai e nos amar como irmãos. Portanto, saber provocar reuniões, pontos de encontro, em que gastemos o tempo com os nossos irmãos padres. Amamos quando gastamos tempo com a pessoa. Esta realidade não começa no clero, começa no seminário. Começa nessa fábrica de gente individualista chamada seminário. Por isso digo a vocês: comecem no seminário. No reitor vocês tem um pai, que vocês receberam, não escolheram.
Aprendam a amá-lo. Ah mas o meu reitor é seco como farinha! Meu irmão, água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Cative o seu reitor, mas não você individualmente para ser puxa-saco dele. Junte o seu grupo do seminário e juntos queiram bem o reitor como pessoa. Ele é gente, precisa de amor, precisa de carinho. A carapaça toda da autoridade é por que vê no seminarista alguém que vai solapar, questionar a autoridade dele. O amor é capaz de remover montanhas. O amor é capaz de transformar os corações mais insensíveis quando a pessoa se sente amada. Quando forem padre, amem o bispo de vocês, gastem tempo amando o bispo de vocês. Se ele não se sente pai é por que ninguém se sente filho dele. Se você for com a atitude filial e se sentir filho e se demonstrar filho, ele começa a se sentir pai. Não fique esperando ser amado. Ame!
Estes são os três pontos para o nosso celibato: amor a Deus, amor pastoral e amor no presbitério (não existe presbitério sem bispo, portanto, amor aos padres e ao bispo). São os três lugares privilegiados nos quais precisamos amar.

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