Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

domingo, 15 de maio de 2011

Domingo do Bom Pastor

Dom Eugenio de Araujo Sales
Cardeal Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro

A missa do IV Domingo de Páscoa apresenta no evangelho a bela passagem do Bom Pastor. Cristo utiliza um quadro muito comum à vida rural palestina e a outras regiões: o rebanho e seu pastor. Este o guarda, defende, dirige, garantindo proteção e alimento. Quando percorremos aqueles locais nos deparamos, ainda hoje, com igual cena e vêm-nos à memória as palavras do Mestre: "Eu sou o bom pastor. Tenho ainda outras ovelhas, mas não estão neste redil; é preciso trazê-las também" (Jo 10,14-16). O encargo recebido do Pai é, pelo Filho Ressuscitado, transmitido a outros que o devem prover de forma ativa e eficaz, em todas as gerações futuras. A ação redentora, que pode atuar direta e ordinariamente, efetiva-se através de indivíduos chamados a cumprir tão nobilitante ministério. É a vocação, que, uma vez correspondida, transforma o escolhido em parceiro íntimo da obra salvífica. Essa missão é confiada de modo particular a determinadas pessoas por ele vocacionadas a exercer esse ofício.

Para reavivar a memória dos fiéis, a Igreja celebra o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações com a publicação da mensagem oficial do Santo Padre. Nela, o Papa Bento XVI propõe a reflexão de um tema que se enquadra bem no Ano Sacerdotal: “O testemunho suscita vocações”. De fato, “a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da ação gratuita de Deus, mas é favorecida também pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo”.

Sabemos da carência de trabalhadores nesse campo. O Mestre já o constatava, quando percorria a Palestina: “A messe é grande, mas poucos os operários” (Mt 9,37). Essa observação onera todos os cristãos. Recordemos, pois, o Decreto “Optatam Totius” sobre a formação sacerdotal: “O dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade dos fiéis” (n.20).

O Dia de Oração pelas Vocações sugere, de modo particular, um exame de consciência sobre o papel da comunidade diante da escassez de operários na vinha do Senhor.

As razões são óbvias. O objetivo dessa especial consagração à causa do Evangelho é o bem dos cristãos que precisam do alimento da Palavra e da Eucaristia, do perdão dos pecados, do amparo nos momentos finais, das graças que lhes são dispensadas pelos Sacramentos. Sem ministros, o rebanho corre o risco de se dispersar e fica mais facilmente à mercê de seus inimigos. O campo, sem o essencial cuidado, não produzirá os frutos esperados e necessários. Assim, todos se responsabilizam, a fim de não serem privados de quem distribua o indispensável à subsistência da vida espiritual. Daí resulta a incontável e benéfica influência do ministro de Deus em toda a ordem social. Lembremo-nos da advertência contida na expressão: “Vós sois o sal da terra” (Mt 5,13). Não nos fixemos apenas na parte referente à corrupção do sal, mas também no que ocorreria a toda a coletividade se ele viesse a faltar.

O esforço pela multiplicação de vocações é também um sinal de vitalidade eclesial. Um renascer promissor da vida consagrada é, na verdade, motivo de profunda ação de graças. Em muitas partes, os seminários e casas de formação voltam a se encher. As estatísticas da Santa Sé, publicadas em 2010, indicam um número de 117.024 candidatos ao sacerdócio.

O maior estímulo ao surgimento de candidatos à consagração integral ao serviço do Reino de Deus é a figura do bom padre. O exemplo de uma doação livre e feliz certamente fala de modo mais eloquente que muitas palavras. O padre, com sua vida e seu zelo, sempre encontrará meios de fazer germinar a semente depositada por Deus no coração de tantos jovens. E, para um testemunho eficaz, três aspectos são elencados pelo Santo Padre em sua mensagem para este ano de 2010: primeiramente “a amizade com Cristo, pois o sacerdote não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor (...). Nesse sentido, a oração é o primeiro testemunho que suscita vocações”.

Outro aspecto, segundo o Santo Padre, é “o dom total de si mesmo a Deus (...). Daqui brota a capacidade para se dar depois àqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho”.

Um terceiro aspecto é “viver em comunhão. De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplainar contrastes e incompreensões, perdoar as ofensas”.

Finalmente, o germe de toda vocação nasce e se cultiva na Família, que o Decreto “Optatam Totius” chama de “primeiro Seminário” (n.2). Neste IV Domingo da Páscoa, cabe uma reflexão aos nossos movimentos familiares sobre a matéria. Uma demonstração concreta de sua eficácia é fazer surgir entre seus filhos o desejo de uma consagração religiosa.

Que o Dia Mundial de Oração pelas vocações, “uma vez mais, possa oferecer preciosa ocasião para muitos jovens refletirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade”.

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