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"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Expoentes da Pedagogia Franciscana



Introdução
São Francisco de Assis foi e ainda é um grande expoente para todo o mundo, sobretudo, em nosso caso, para a educação. Pode-se afirmar que ele foi um magno educador, cuja causa motora estava em sua fé cristã, num Deus que se revela como aquele que ama com puro amor toda criatura. O Pobrezinho de Assis deu início a um movimento de tomada de consciência das ações e decisões do homem e, por isso, que se assegura que é São Francisco aquele que principiou uma nova Pedagogia, ao que chamamos de Pedagogia Franciscana.

O fato de São Francisco merecer ser considerado como inspirador de um endereçamento educativo não depende tanto do número ou da qualidade dos seus escritos pedagógicos, mas do fato de ter sido um educador nato, de ter-se tornado uma fonte de ensinamentos teóricos e práticos, de ter fundado, em outras palavras, uma escola pedagógica original e de ter-se tornado, por isso, o formador de uma progênie secular de mestres de vida .(1).



1. Francisco de Assis, pai e mestre
Com toda certeza São Francisco não possui nenhum tipo de instrução pedagógica ou técnicas de ensino. O que tinha de mais precioso em sua vida era o desejo de viver o santo evangelho, como estava escrito e, de certo modo, foi este o grande destaque, a sua radicalidade por viver a Boa Nova de Jesus Cristo. A Pedagogia do Poverello pode ser claramente encontrada nos seus escritos, i.é, suas admoestações, cartas a toda a Ordem, cartas aos fiéis leigos, e demais epístolas, assim como seu Testamento e sua Regra. Nitidamente nestes escritos é possível encontrar um ascendente senso de fraternidade e o serviço no exercício da autoridade.

Francisco de Assis com veemência se mostrou como um Pai e como um Mestre, pois mostrou ao mundo que para o exercício da autoridade se faz necessário o uso da dinâmica da ‘paternidade’, cuja atitude está sempre ligada ao amor-doação, amor que compreende o outro, amor que não parte de uma visão unilateral, mas, sim de uma alteridade. Consequentemente se tornará um mestre, aquele que rege, ordena e compõe harmoniosamente a direção de todas as coisas, partindo do particular de cada uma delas. Em outros termos São Francisco evidencia no seu modo de ver e viver que “a força do seu testemunho, imensa no correr dos séculos, deriva mais daquilo que ele era do que daquilo que se esforçava em dizer e mostrar aos homens” . (2)
O seu primeiro biógrafo, Tomás de Celano, assegura acerca do‘magistério de vida’ de São Francisco, nos seguintes termos:
Com o exemplo, pai, discursava mais suavemente, persuadia com mais facilidade e provavas com certeza maior. Se falarem as línguas dos homens e dos anjos, mas não derem exemplo de caridade, para mim valem pouco, e para si mesmo não valem nada.

A virtude, para o Seráfico Pai, estava antes no fazer e depois no ensinar, pois, o que se torna relevante para tal magistério é mais as ações do que as palavras. Justamente, é este modo de compreender a função de magistério que Francisco desejava sempre mais fazer e ensinar ao mesmo tempo. É a esta atitude que chamamos atenção para perceber que a pedagogia franciscana se concentra antes no viver, testemunhar e, posteriormente, no ensinar, uma vez que testemunhando já é uma forma de ensinar. A isto os modernos chamam de ‘ensinar fazendo’.

O expoente de Assis exerceu a função de mestre com muita simplicidade. Ensinava seus frades com atitudes e com palavras; este modo oral de ensinar “expresso ora em forma de palavras, de paradoxos e de comparações, ora em forma de comparações, ora mediante admoestações, repressões e preceitos”(3). Evidentemente a isto, que se pode perceber que Francisco possui plena consciência de ser para seus confrades o mestre da vida espiritual, o educador da fraternidade franciscana.

A propósito do carisma de Francisco com “pai e mestre”, L. Iriarte sublinha que a “liberdade de espírito” (2Cor 3,17) é fruto legítimo da vida no Espírito. Francisco experimenta plenamente a liberdade dos filhos de Deus; exatamente por isso, se expressa com espontaneidade nas palavras e nos atos e coloca em tudo uma marca totalmente pessoal. Parecia um “homem novo” . (4)

É este “homem novo” que Francisco desejava que seus frades se tornasse, no entanto, isto só é possível mediante uma educação para uma autêntica liberdade de espírito, que por sua vez é condição de possibilidade para a retidão de cada um, que deve ser compreendida a partir da “verdadeira obediência”. Ser verdadeiramente obediente, segundo o próprio Francisco, é estar na sintonia de que tudo aquilo que o frade faz é de própria iniciativa.

Todo este modo de perceber a educação propriamente dita, Francisco apreendeu do “verdadeiro mestre”, Jesus Cristo. E é partindo dele que pode assimilar a pedagogia do evangelho, pois é nela que o Pobrezinho de Assis coloca seu fundamento e vive-a e, vivendo, ensina e incita os seus a vivê-la também. Aqui está o elemento culminante da pedagogia de Francisco, o Evangelho, que por sua si só é sempre atual e, por esta razão, a pedagogia franciscana é sempre atual.

Numa concepção franciscana de educação, o ato de ensinar está para além de uma função meramente mecânica, em que existe um mestre, que ensina, e um discípulo, que aprende. No entanto, Francisco concebeu o desempenho do educador como sendo aquele que emancipa seu educando; como aquele que se coloca a serviço do amor.
Outro elemento fundamental que Francisco vê no vértice da atividade humana, é a vontade. A vontade de conhecer.

Do ponto de vista pedagógico, este primado fundamental da vontade sobre o conhecimento arrasta consigo a consequência de que a educação franciscana se resolve em uma educação para a liberdade. Isto quer dizer que o processo de formação da personalidade total do indivíduo, quando é plenamente alcançado, conduz à conquista da liberdade, [...] Se o objetivo da educação não fosse o de habilitar os jovens ao uso da liberdade, não valeria sequer a pena falar de educação. Francisco, por seu lado, tinha compreendido isso muito bem e o inculcava nos outros sem necessidade de explicá-lo com muitas palavras . (5)

O expoente de Assis compreendeu claramente a necessidade de uma educação para a liberdade. Mais do que uma compreensão usual da liberdade, Francisco afirma que a ‘verdadeira liberdade’ deve vir da liberdade interior, a tal ponto que aquele que possuísse tal virtude deveria sempre agir como lhe parecesse melhor.
Consequentemente a tudo isto, pode-se apreender de São Francisco uma pedagogia do amor que pudesse instigar seus frades a uma educação baseada na liberdade e no exemplo. Portanto, a pedagogia franciscana está intrinsecamente ligada a uma pedagogia do amor. E assim, o “Mestre e Pai” deixa em sua Regra a seus frades a seguinte recomendação:
“onde estão e onde quer que se encontrem os irmãos, mostrem-se mutuamente familiares entre si. E com confiança manifeste ao outro a sua necessidade, porque, se a mãe nutre e ama a seu filho carnal, quanto mais diligentemente não deve cada um amar e nutrir a seu irmão espiritual? E se algum deles cair enfermo, os outros irmãos devem servi-lo como gostariam de ser servidos” . (6). T

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