Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ouvi, Pobrezinhas


(Palavras de exortação de São Francisco para Santa Clara e suas irmãs)


“Ouvi, pobrezinhas,
pelo Senhor chamadas,
que de muitas partes e províncias sois congregadas:
Vivei sempre em verdade,
para que em obediência morrais.
Não olheis para a vida exterior,
pois aquela do espírito é melhor.
Eu vos peço, com grande amor,
que tenhais discrição
a respeito da esmolas
que vos dá o Senhor.
Aquelas que estão atormentadas por enfermidade
e as outras que por elas sofrem fadigas,
todas vós, suportai-as em paz,
pois vendereis muito caro esta fadiga,
visto que cada uma será rainha no céu,
coroada com a Virgem Maria.”

São Francisco compôs este “Cântico” para Santa Clara e suas irmãs, quando ele estava doente em São Damião, provavelmente entre o inverno (europeu) de 1224 e o verão de 1225. Foi também neste período que ele compôs o Cântico do Irmão Sol. Essas duas obras foram escritas em língua vulgar e não em latim.
Mosteiro de São Damião
 
Por que São Francisco escreveu este cântico?

“Depois que São Francisco compôs os Louvores do Senhor por suas criaturas, escreveu também algumas santas palavras, com melodia, para consolo e edificação das Damas Pobres, sabendo que elas sofriam muito com sua doença. E não podendo visitá-las pessoalmente, enviou-lhes aquelas palavras por seus companheiros. Com aquelas palavras, quis manifestar-lhes sua vontade, isto é, como deviam viver e comportar-se com humildade e serem unânimes na caridade. Pois ele via que a conversão e santo procedimento delas não só eram uma glória para a Ordem dos frades, mas também uma grande edificação para toda a Igreja.
Sabendo, porém, que desde o princípio de sua conversão elas haviam levado uma vida muito dura e pobre, sentiu sempre piedade e compaixão para com elas. Por isso, naquelas palavras pediu-lhes que, assim como o Senhor as tinha reunido de muitos lugares para a santa caridade, a santa pobreza e a santa obediência, da mesma forma elas deviam viver e morrer nestas virtudes. E exortou-as especialmente a que, com as esmolas que o Senhor lhes dava, com alegria e ação de graças, provessem discretamente seus corpos e, sobretudo, que as irmãs sadias fossem pacientes nos trabalhos que suportavam por suas irmãs doentes e as próprias doentes fossem pacientes em suas enfermidades.” (Espelho de Perfeição (maior) 90).




“Naqueles dias e no mesmo lugar, depois que o bem-aventurado Francisco compôs os Louvores do Senhor pelas criaturas, compôs também algumas santas palavras com canto para a maior consolação das damas pobres do Mosteiro de São Damião, mormente porque ele sabia que elas estavam muito atribuladas por sua enfermidade.” (Compilação de Assis 85).




Este pequenino escrito “Ouvi, pobrezinhas” só foi descoberto em 1976 pelo estudioso Frei João Boccali no Mosteiro das clarissas de São Fidêncio em Novaglie. Este documento foi o último escrito do seráfico pai a ser encontrado pelos estudiosos. Boccali, que tinha seguido as indicações de duas irmãs clarissas estudiosas, publicou dois anos mais tarde um primeiro estudo crítico sobre a pequena obra encontrada.




Pax et Bonum!


Frei Salvio Romero, eremita capuchinho.

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