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"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Transparência, a batalha do Papa Francisco


A surpreendente prisão de um prelado a serviço da entidade vaticana que administra o patrimônio da Santa Sé traz novamente à tona a gestão do IOR e das finanças do outro lado do Tibre. E permite que se leia em uma luz diferente a drástica decisão do Papa Francisco, que há apenas três dias nomeou surpreendentemente uma comissão de inquérito para esclarecer todas as atividades do "banco vaticano", mostrando assim que não se contentou com os boatos tranquilizadores que haviam chegado até ele de dentro dos sagrados palácios após a eleição.
Será a magistratura que irá averiguar efetivamente quais são as responsabilidades do Mons. Nunzio Scarano, titular de duas contas no Instituto para as Obras de Religião – de uma delas, em 2009, teriam saído quase 600 mil euros em dinheiro –, investigado há um mês por lavagem de dinheiro da Procuradoria de Salerno e preso agora a pedido da Procuradoria de Roma por ter organizado uma rocambolesca entrada de 20 milhões de euros da Suíça na Itália. As autoridades do outro lado do Tibre declararam que querem garantir a máxima colaboração com os investigadores.
Os magistrados descreveram a desenvoltura com que o prelado movimentava enormes quantias de dinheiro: a AIF, o órgão de vigilância financeira vaticana, seguia a movimentação das suas contas, mas a decisão de suspender Mons. Scarano do seu escritório do outro lado do Tibre foi tomada após a investigação da Procuradoria italiana.
Em 2010, o Papa Bento XVI havia inaugurado um novo caminho de transparência, para fazer com que não somente o IOR, mas todas as entidades da Santa Sé aplicassem as normativas internacionais contra a lavagem de dinheiro. Um caminho que, depois, se transformou em uma pista de obstáculos. O que parece evidente hoje é a impossibilidade de desclassificar o que está surgindo apenas como pequenos episódios isolados, talvez tentando cobrir tudo com operações de imagem para restabelecer a "boa fama" do IOR junto à opinião pública.
Não há dúvida de que o Instituto para as Obras de Religião desempenhou e desempenha um papel importante no apoio a diversas realidades da Igreja nos países pobres, embora esses capítulos da sua história passada e recente tenham permanecido quase sempre na sombra. Mas é igualmente claro que há problemas de gestão, de pessoal, de atitudes já estratificadas.
As normas contra a lavagem de dinheiro e as regras de transparência precisam de pessoas que as assumam decididamente, de modo a evitar que a desenvoltura de qualquer correntista do IOR se torne hábito à impunidade.
Só quem não ouviu, ou fingiu não ouvir, as palavras repetidas por Francisco nesses primeiros meses de pontificado pode pensar que, mesmo na gestão das finanças, tudo poderia continuar como antes. "São Pedro não tinha uma conta no banco", ou "o IOR é necessário, mas até um certo ponto" não eram frases de efeito.
A postura de Bergoglio não é um rigorismo de imagem. O papa não se move com iniciativas de uso midiático, para salvar a face da instituição. A força tranquila do seu modo de agir deriva, ao invés, da percepção de que, mesmo nesses eventos, deve ser chamada em causa a própria natureza da Igreja e o agir que a ela convém.
Trata-se de levar a termo o que começou com o seu antecessor, para "permitir que os princípios do Evangelho permeiem também as atividades de natureza econômica e financeira".

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