No domingo 03 de junho terminou o sétimo Encontro Mundial das Famílias em Milão, Itália. “Família, trabalho e a festa” foi o tema norteador de todas as reflexões. A presença do Papa Bento XVI durante três dias do encontro deu a todas as famílias um novo entusiasmo na missão.
Estranhei, porém, que nenhum grande jornal do Brasil deu a mínima notícia sobre o evento. Afinal na Missa de encerramento estavam mais de um milhão de pessoas de 153 países, inclusive do Brasil. O Papa se encontrou com milhares de casais e respondeu espontaneamente a muitas perguntas, afirmando, entre outras palavras de incentivo a quem quer constituir uma família, que também os divorciados devem sentir-se acolhidos pela Igreja.
Em síntese este encontro do Papa com as famílias foi mais uma oportunidade para falar da felicidade que surge de uma união estável entre um homem e uma mulher.
Os jornais não noticiaram a beleza de uma família unida, mas ainda são estas famílias que garantem a estabilidade da Igreja e da sociedade.
E agora vamos aprofundar o tema escolhido para este evento.
Ao analisar este tema entendi que a família não vive do vento; ela precisa trabalhar. Ao mesmo tempo precisa fazer festa; festa no sentido de encontro, de descanso, de ter tempo para promover relacionamentos verdadeiros e a reavivar os laços de família.
O perigo de que o trabalho se torne um ídolo é válido também para as famílias. Isso acontece quando a atividade do trabalho detém o primado absoluto perante as relações familiares, quando os cônjuges se sentem obcecados pelo lucro econômico e depositam a felicidade unicamente no bem-estar material.
O risco dos trabalhadores, em todas as épocas, é de se esquecerem de Deus, deixando-se absorver completamente pelas ocupações mundanas, na convicção de que nelas se encontra a satisfação de todos os seus desejos.
Infelizmente, a necessidade de sustentar a família, muitas vezes não proporciona aos cônjuges a possibilidade de escolher com sabedoria e harmonia.
“No sétimo dia, Deus concluiu toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda obra que fizera. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nesse dia Deus repousou de toda a obra da criação”. (Gn 2, 2-3). O sétimo dia é, para os cristãos, o “dia do Senhor”, porque celebra o Ressuscitado presente e vivo no seio da comunidade cristã, na família e na vida pessoal.
O ser humano moderno perdeu o sentido verdadeiro da festa. É necessário recuperar o sentido da festa, e de modo particular do domingo, como um “tempo para ser humano”. Aliás, um tempo para a família. Não somos máquinas para produzir e ganhar dinheiro; somos gente que precisa ser gente, ser humano em relações com os outros e com Deus.
Mais do que nunca, hoje, as famílias necessitam descobrir a festa como lugar do encontro com Deus e da aproximação entre os membros da família, criando um ambiente de pessoas que se querem bem. A mesa dominical deve ser diferente dos outros dias, não só pela comida, e sim pelo encontro familiar.
O dia do Senhor deve ser vivido como um tempo para Deus, espaço de comunhão e fraternidade na família e na comunidade, sem esquecer-se do amor aos pobres. Para experimentar a presença do Senhor ressuscitado, a família é exortada, aos domingos em especial, a deixar-se iluminar pela Eucaristia.
No domingo, a família encontra o sentido e a razão da semana que se inicia. Hoje, mais do que nunca, as famílias necessitam resgatar o justo valor do trabalho, sem esquecer-se da festa dominical com o Senhor, e com os irmãos. “Nada adianta ganhar o mundo inteiro se vier perder a sua alma” (Mc 8, 36). Que Deus abençoe as nossas famílias!
Dom Bernardino Marchió
Bispo Diocesano de Caruaru.
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