Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

sábado, 26 de novembro de 2011

O TEMPO DO ADVENTO



História do Advento

Não é fácil precisar a história e o primitivo significado do Advento; além disso,as noticias sobre suas verdadeiras origens são parcas .É necessário distinguir elementos que dizem respeito a práticas ascéticas e a outras, de caráter estritamente litúrgico; um Advento que é preparação para o Natal e um Advento que celebra a vinda gloriosa de Cristo ( Advento escatológico). No Oriente, permaneceu quase ignorado um período de preparação ao Natal.

O advento nasceu na Hispânia e nas Gálias a finais do século IV como preparação ascética e penitencial para as festas de Natal e ao batismo de adulto, que nas igrejas hispano-galicanas se celebrava no dia da Epifania. O testemunho mais antigo encontra-se em uma passagem de Santo Hilário (por volta de 366) que diz:"Sancta Mater Ecclesia Salvatoris adventus annuo recursu per trium septimanarum sacretum spatium sivi indicavit" - A santa mãe igreja oferece um espaço sagrado de três semanas por ano para a vinda do Salvador" . "(CSEL 65,16)

Na liturgia romana introduziu-se durante o século VI um advento de seis semanas, reduzido nos tempos de São Gregório Magno a quatro e destinado a preparar a vinda do Senhor segundo a carne. Veio depois a dobrar o seu significado: além de prepara o nascimento do Senhor é também tempo de espera alegre de seu retorno glorioso no final dos tempos.                                   

Na liturgia romana atual, segue este tempo com quatro semanas e está dividido em duas partes: a primeira, tendo em conta a Encarnação, comemora a segunda a vinda do Messias e se estende até 16 de dezembro; a segunda compreende desde 17 a 24 de dezembro e destina preparar de modo mais direto o Natal.

O duplo caráter do Advento, que celebra a espera do Salvador na glória e a sua vinda na carne, emerge das leituras bíblicas festivas. O primeiro domingo orienta para parusia final,o segundo e o terceiro chamam a atenção para a vinda cotidiana do Senhor; o quarto domingo prepara-nos para a natividade de Cristo ao mesmo tempo fazendo dela a teologia e a história. Portanto, a liturgia contempla ambas as vindas de Cristo, em íntima relação entre si. 


2. Teologia e Espiritualidade do Advento


A teologia  do advento fundamenta-se  sobre três vindas de Cristo: a primeira na humildade de nossa carne;  a segunda, em  glória e majestade como Senhor dos homens e da história; a terceira sacramental ou litúrgica."Conhecemos uma tríplice vinda do Senhor.Entre a primeira e a última há uma vinda intermediária. Aquelas são visíveis, mas esta, não. Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens [...] Na última, todo homem verá a Salvação de Deus e olharão para Aquele que transpassaram. A vinda intermediária é oculta, e nela, somente os eleitos o vêem em si mesmos e recebem a Salvação. Na primeira, o Senhor veio na fraqueza da carne; na intermediária, vem espiritualmente, manifestando o poder de sua graça; na última virá com todo o esplendor de sua glória" (São Bernardo, Sermão V - Advento).

Toda a liturgia do Advento é apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão.

a) expectativa vigilante e alegre caracteriza sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa, que manifestou em Cristo toda a sua fidelidade ao homem. A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo.  
Os nossos primeiros irmãos na fé, como atesta a Didaqué, imploravam: "Que o Senhor venha e passe afigura deste mundo. Maranatha. Amém". Assim termina o livro do Apocalipse e toda a Escritura:"Aquele que atesta essas coisas diz: Sim! venho muito em breve. Amém! Vem Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus esteja com todos. Amém"(Ap 22,20).

A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. A vinda do Salvador cria um clima de alegria que a liturgia do Advento não só relembra, mas quer que seja vivida.

b) No Advento, toda a Igreja vive a sua grande esperança.
O Advento é o tempo da esperança: uma esperança forte e paciente, como fizeram os patriarcas, profetas e os justos no Antigo Testamento, que confiaram nas promessas do Senhor.



Na convocação ao testemunho da esperança, a Igreja, no Advento, é confortada pela figura de Maria, a mãe de Jesus.Ela que "no céu, glorificada em corpo e alma, é a imagem e a primícia da Igreja...brilha também na terra como sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deusa caminho, até que chegue dia do Senhor" (cf. 2 Pd 3,10).

c) Advento, tempo de conversão
Não existe possibilidade de esperança e de alegria sem retornar ao Senhor de todo coração, na expectativa da sua volta. A vigilância requer luta contra o torpor e a negligência; requer prontidão e, portanto, desapego dos prazeres e bens terrenos. O cristão, convertido a Deus, é filho da luz e, por isso, permanecerá acordado e resistirá às trevas, símbolo do mal, pois do contrário corre o risco de ser surpreendido pela parusia. 

Esse comportamento de vigilante espera na alegria e na esperança exige sobriedade, isto é, renúncia aos excessos e a tudo aquilo que possa desviar-nos da espera do Senhor. A pregação do Batista, que ressoa no texto do evangelho do segundo domingo do Advento, é apelo para a conversão, a fim de preparar os caminhos do Senhor.

O espírito de conversão, próprio do Advento, possui tonalidades diferentes daquelas relembradas na Quaresma. A substância é essencialmente a mesma, mas, enquanto a Quaresma é marcada pela austeridade da reparação do pecado, o Advento é marcado pela alegria da vinda do Senhor.



A celebração do advento

O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Hino de Louvor, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.

Os paramentos litúrgicos (casulaestoladalmáticapluvialcíngulo, etc) são de cor roxa, bem como o véu que recobre o ambão, a bolsa do corporal e o véu do cálice; como sinal de recolhimento e conversão em preparação para a festa do Natal.  A única exceção é o terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete ou da Alegria, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima. Também os altares são ornados com flores cor-de-rosa. O nome de Domingo Gaudete refere-se à primeira palavra do intróito deste dia, que é tirado da segunda leitura que diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto"(Fl 4, 4). 
Os cantos para cada domingo, sobretudo o canto de entrada e o de comunhão, melhor ainda se forem fiéis às antífonas do Missal Romano, tomados ou inspirados na Sagrada Escritura, vêm destacar a vigilância, a alegre esperança pela chegada do Salvador. A Igreja entoa neste tempo litúrgico um canto de vigilante, amorosa e alegre espera da vinda do Senhor. Este canto, antes entoado pelos profetas, João Batista e Maria, continua ressoando no seio da Igreja que clama: “Vem Senhor, nos salvar. Vem sem demora, nos dar a paz”. A Igreja , neste tempo do advento, quer nos ensinar com diversas celebrações, com hinos, cânticos e palavras como receber convenientemente e de coração o Cristo que vem, de modo que nos preparemos para esta chegada, sabendo que não foi proveitosa apenas para os antepassados, mas, que "a sua eficácia é comunicada a todos nós, se mediante a fé e os sacramentos, quisermos receber a graça que Ele nos prometeu e orientar nossa vida de acordo com seus ensinamentos."


Por: Pe. Moisés Ferreira de Lima

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