Quem nos
presenteou com tão sábio conselho? Quem, de forma tão concisa, nos
alertou sobre o perigo da vaidade, que é mestra na arte de esconder,
omitir, camuflar, exibir o que é falso, superficial, inconsistente!
Não
perder de vista o ponto de partida nos reporta às origens, sem
constrangimento. Permiti-nos avaliarmos nossa trajetória, humildemente,
mas nunca envergonhados do nosso começo. Sugere publicamente
reconhecermos, por exemplo, o valor daquele pai, simples pedreiro, ou
qual seja sua profissão que à custa de muitos esforços nos conduziu até
onde estamos; sugere cultivar, carinhosamente, a lembrança da modesta
morada onde passamos nossa infância; dos amigos com quem
compartilhávamos nossa vida; sugere reconhecermos que, tanto quanto os
mestres da faculdade onde estudamos, aquela professorinha e aquela
catequista têm o mesmo valor, pois estiveram conosco no nosso ponto de
partida, ajudando-nos, como nossa mãe, a darmos os primeiros passos sem
os quais jamais conseguiríamos prosseguir. O ponto de partida é tão
importante que sem ele nenhum atleta ultrapassará gloriosamente a faixa
de chegada. É por isso que Santa Clara de Assis nos convida a não
perdê-lo de vista. Tê-lo sempre em mente nos permite estabelecer uma
comparação entre o ontem – que geralmente foi cheio de sacrifícios e
renúncias – e o agora; nos ajuda a planejar o amanhã com firmeza,
coragem e prudência; aproxima-nos de Deus, Princípio e Fim, Pai Criador,
Salvador e Santificador. O ponto de partida indica o quanto temos para
caminhar. Ninguém vê a reta final, mas tem consciência da extensão da
caminhada. Jesus nos diz: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não
serve para o Reino de Deus”. (Lc 9, 62).
O ponto
de partida é o começo, sempre pequeno, porém nobre! É o nascimento
biológico, é a primeira vez em tudo: por exemplo, na escola, simples
alfabetizandos, cheios de dúvidas e dificuldades. Se nos voltarmos para
aquela fase de nossa vida, compreenderemos melhor os que passam por esse
estágio, seja na aprendizagem ou em qualquer outra situação, lembrados
de que se hoje somos experientes, ontem de nada sabíamos. O Batismo é o
ponto de partida do cristão. Com ele abrem-se os caminhos da vida cristã
que deve ser percorrido na presença de Cristo. Como discípulos do
Mestre, não percamos de vista esse marco fundamental que nos permitiu a
adoção como filhos de Deus. Que trilha seguir? De que forma: lado a
lado, passo a passo ou aos pulos, ignorando trajetos tortuosos, porém
importantes no caminhar? Superando obstáculos ou pisoteando os outros
para chegar primeiro? Se esqueço dos demais, achando que posso ir
sozinho, já perdi de vista meu ponto de partida, que não é exclusivo.
Quando parti, muitos partiram comigo.
Que pena
tantos ainda acreditarem, na ostentação, na aparência, no
engrandecimento ilusório, provindo do relacionamento com pessoas
rotuladas de “importantes” e “poderosas”, esquecidas de que seu ponto de
partida, que é o essencial, iguala-se aos demais.
Que Santa
Clara de Assis (festejada no dia 11 de agosto) interceda por nós, para
que nossa mente e nosso coração se abram cada vez mais à conscientização
de que o ponto de partida de cada um é Deus, de onde viemos e para onde
voltaremos.
Helena Moura
Fonte: PasCom - Diocese de Caruaru
Nenhum comentário:
Postar um comentário