Sejam Bem-Vindos!

"É uma grandiosíssima calúnia dizer que tenho revoltas contra a Igreja. Eu nunca tive dúvidas sobre a Fé Católica, nunca disse nem escrevi, nem em cartas particulares, nem em jornais, nem em quaisquer outros escritos nenhuma proposição falsa, nem herética, nem duvidosa, nem coisa alguma contra o ensino da Igreja. Eu condeno tudo o que a Santa Igreja condena. Sigo tudo o que ela manda como Deus mesmo. Quem não ouvir e obedecer a Igreja deve ser tido como pagão e publicano. Fora da Igreja não há salvação."
Padre Cícero Romão Batista

domingo, 15 de janeiro de 2017

Carta aos pais dos homossexuais

Prezados pais, 

Os seus filhos são um presente de Deus criador a vocês e à humanidade, assim como a vida de todo ser humano. E vocês são para eles um instrumento da Providência divina para tenham vida, afeto, educação e valores. 

Nós chamamos a Deus de ‘Pai’, conforme a nossa tradição judaico-cristã. Usamos a nossa linguagem e experiência humanas para nos dirigirmos a alguém que ultrapassa os limites do mundo e da nossa vivência. Também reconhecemos nele os traços da ternura materna. A experiência do amor incondicional, que os pais proporcionam, é fundamental para o despertar da fé e para uma sadia relação com Deus. 

Ter filhos homossexuais lhes remete à complexa realidade da diversidade sexual. Ao longo da história e em diferentes culturas, esta questão foi tratada de vários modos. 

A nossa tradição de séculos longínquos e recentes já considerou a relação entre pessoas do mesmo sexo uma abominação e uma séria doença, impondo um pesado fardo a gays e lésbicas. No entanto, há mudanças que não podem ser negligenciadas, como a evolução dos direitos humanos, a superação da leitura da Bíblia ao pé da letra e, nos anos 1990, a supressão da homossexualidade da lista de doenças da Organização Mundial de Saúde. Trata-se de uma condição, e não de opção, que alguns carregam por toda a vida. 

A sociedade e as famílias estão por aprender uma nova maneira de lidar com a homoafetividade; a Igreja Católica, que é parte da sociedade, também. Ao se falar da Igreja, freqüentemente se pensa em proibições e condenações. Este não é um ponto de partida adequado. 

A Igreja ensina que ninguém é um mero homo ou heterossexual, mas antes de tudo um ser humano, criatura de Deus e, pela graça divina, filho Seu e destinado à vida eterna. E acrescenta que os homossexuais devem ser tratados com respeito e delicadeza. Deve-se evitar para com eles toda forma de discriminação injusta. 

No nível local, há mudanças importantes acontecendo na Igreja. Em 1997, os bispos católicos norte-americanos escreveram uma bela carta pastoral aos pais dos homossexuais. O título é: Always our children (Sempre Nossos Filhos). Segundo eles, Deus não ama menos uma pessoa por ela ser gay ou lésbica. A Aids não é castigo divino. Deus é muito mais poderoso, mais compassivo e, se for preciso, mais capaz de perdoar do que qualquer pessoa neste mundo. Os bispos exortam os pais a amarem a si mesmos e a não se culparem pela orientação sexual dos filhos, nem por suas escolhas. Os pais de homossexuais não são obrigados a encaminhar seus filhos a terapias de reversão para torná-los heteros. Os pais são encorajados, sim, a lhes demonstrar amor incondicional. E dependendo da situação dos filhos, observam os bispos, o apoio da família é ainda mais necessário. 

 Prezados pais, os seus filhos serão sempre seus filhos. Vocês não fracassaram e nem erraram por causa da orientação sexual deles. O estigma de infâmia e de doença ligado à homossexualidade precisa ser vencido. A aceitação da condição de seus filhos torna a vida de ambos muito melhor e mais feliz. Esta tarefa não é fácil, mas também não é impossível. A prova disso é o depoimento de tantos pais que já conseguiram, ainda que tenham levado alguns anos. A confiança no bom Deus, fonte de todo o bem e do amor incondicional, há de tornar este caminho mais suave e exitoso. 

Cordialmente, 
Pe. Luís Corrêa Lima, S.J. ¹

 Enviada ao Grupo de Pais de Homossexuais (www.gph.org.br), em 3/8/2007. 

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