NOTA DE ESCLARECIMENTO
Lamentamos e desaprovamos o constrangimento que trouxe, para nossa 42ª Assembléia Geral dos Bispos do Brasil, para nossos Padres e para toda a Igreja, a interpretação inexata dada a uma das perguntas da Pesquisa encomendada ao Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais – CERIS, pela Comissão Nacional de Presbíteros – CNP.
Por isso, esclarecemos e convidamos a todos para a reflexão séria e construtiva que a 42ª Assembléia Geral agora faz sobre “o perfil do presbítero brasileiro”:
1. A afirmação da pesquisa, “O senhor, na condição de padre, nunca envolveu-se afetivamente com uma mulher”, é ambígua e oferece a possibilidade a respostas de peso diverso. De fato, “envolvimento afetivo” inclui um vasto leque de empenho dos afetos humanos e não apenas a relação sexual. Portanto, é indevido afirmar que 41% dos padres tiveram “relações sexuais com mulheres”.
2. Se fosse verdade que, em algum momento da vida, 41% dos sacerdotes tiveram alguma fraqueza ou queda no campo da castidade, isto ainda não poderia ser interpretado como situação estável de infidelidade ao dever do celibato.
3. De toda maneira, afirmamos a importância e a necessidade da prática da castidade pelos presbíteros, em conformidade com o celibato sacerdotal.
4. Por outro lado é interessante notar que a mesma pesquisa do CERIS mostrou que a quase totalidade dos sacerdotes (94 %) sente-se feliz com sua escolha e não hesitaria em optar novamente pelo sacerdócio, como estado de vida. Isso seria inexplicável se levassem uma vida dupla que é sempre fonte de desgaste, estresse, desajuste e falta de alegria de viver e seria impensável a disposição em optar novamente pelo ministério presbiteral, como caminho de vida.
Nesta oportunidade, reafirmamos apreço e respeito aos nossos sacerdotes. Nossa preocupação com sua “vida e ministério”, tema central desta 42ª Assembléia Geral, revela nossa consciência e empenho de Bispos pela qualificação humano-afetiva, espiritual, intelectual e pastoral dos anunciadores do evangelho, servidores do Povo de Deus.
A todos, na Igreja, perita em humanidade, convidamos ao caminho exigente de dar ao próprio humano, à luz do Evangelho, aquela feição que deve ter todo filho e filha de Deus, contando com sua graça.
Itaici, 23 de abril de 2004
Cardeal Geraldo Majella AgneloArcebispo de São Salvador da Bahia
Presidente da CNBB
Presidente da CNBB
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